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BC mantém juros em 14,25% ao ano e destaca incerteza na aprovação de ajustes

Decisão do colegiado, na primeira reunião sob chefia de Ilan Goldfajn, foi unânime e trouxe comunicado maior do que o habitual

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Por Redação
Atualização:
Reuniões do Copom começarão mais cedo Foto: André Dusek/Estadão

O Banco Central decidiu manter, em decisão unânime e pela oitava vez, a taxa básica de juros da economia em 14,25% ao ano. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi a primeira com Ilan Goldfajn na presidência do BC e quatro novos diretores. No comunicado divulgado após a decisão, maior do que o habitual, o Copom destaca que ainda há riscos no processo de queda da inflação, principalmente no que diz respeito às perspectivas para os preços no curto prazo e às incertezas quanto à aprovação dos ajustes necessários na economia.

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O mercado financeiro já apostava na manutenção da Selic, que já está parada há um ano neste patamar. Além da divulgação de um comunicado maior, o anúncio da Selic foi realizado mais cedo, por volta das 18h.

Também ficou definido que a ata do encontro, que detalha a decisão do colegiado, será publicada na próxima terça-feira, 26. Este será o novo padrão, já que até agora o documento era divulgado apenas às quintas-feiras da semana seguinte ao encontro.

 

O novo formato da comunicação adotada pelo BC em relação ao Copom foi inspirado em várias práticas de instituições pelo mundo, segundo uma fonte ouvida pelo Broadcast, notícias em tempo real do Grupo Estado. Divulgado logo após o fim da reunião do colegiado, que agora passou a ser encerrada mais cedo do que o habitual, o comunicado traz a visão da autoridade monetária sobre os cenários doméstico e internacional e atualiza expectativas quanto à inflação, antes divulgadas a cada três meses no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). O objetivo, segundo a fonte, é trazer o maior volume de informações da forma mais rápida possível para apontar ao mercado para onde o BC está olhando.  

Autonomia. Antes do anúncio da Selic, o presidente em exercício, Michel Temer, voltou a desautorizar publicamente o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mais cedo, Padilha havia dito que agradava a Temer a redução da taxa de juros. Depois, o presidente em exercício divulgou uma nota reafirmando a autonomia do BC para definir a taxa de juros.

Ilan Goldfajn assumiu o cargo em 13 de junho passado. Esta primeira reunião liderada pelo ex-executivo do Itaú também traz nova composição, com a chegada de três diretores de fora da autarquia (Reinaldo Le Grazie, política monetária; Carlos Viana, política econômica e Tiago Berriel, assuntos internacionais), além de o procurador-geral da instituição, Isaac Menezes Ferreira, ter se tornado diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC.

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Economia. Essas mudanças de ritual ocorreram em meio à expectativa unânime do mercado (77 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast) de que nada mudaria. De acordo com o Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, o BC promoverá um corte de juros a partir de outubro e a taxa terminará 2016 em 13,25% ao ano.

Quando ainda era comandada por Goldfajn, a área econômica do Itaú Unibanco já previa cortes da Selic neste ano, a partir do segundo semestre. Em junho, poucos dias antes de do executivo assumir a presidência do BC, o banco alterou a previsão de início de corte de juros de julho para agosto. Com Goldfajn já no BC, o banco passou a projeção de começo de afrouxamento de agosto para outubro.

No mercado financeiro, apesar de o BC ainda não ter iniciado o ciclo de corte da Selic, a expectativa é de que, agora no comando da instituição, ele conduza, de fato, um afrouxamento a partir do fim do ano. "Se o Ilan Goldfajn previa corte da Selic quando ainda estava no comando do Itaú Unibanco, por que motivo ele não faria isso agora que está na presidência do BC e tem todas as ferramentas?", comentava na semana passada um profissional de consultoria em São Paulo.

O novo presidente já deixou claro que só vai mexer na Selic assim que as expectativas de inflação para 2017 recuarem. Nas últimas semanas, já caíram de 5,50% para 5,30%. A continuidade da queda do dólar, mesmo com as intervenções diárias do BC no mercado, também traz alívio para a inflação. Para Goldfajn, a meta de 2017 é ambiciosa, mas ao mesmo tempo, crível.

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O mesmo processo de redução das estimativas visto para a inflação ocorreu com as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Instituto Internacional de Finanças (IIF) revisaram suas projeções para o PIB brasileiro para melhor, ainda que continuem no terreno negativo.

 

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Veja a íntegra do comunicado:

"O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% ao ano, sem viés.

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O Comitê identifica os seguintes riscos domésticos para o cenário básico para a inflação:

Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação;

Por outro lado, (iv) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação; e (v) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.

Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel". / COM CÉLIA FROUFE E FABRÍCIO DE CASTRO

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