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Tombini indica que BC vai elevar juros e taxas disparam no mercado futuro

Presidente do Banco Central fala que a instituição ‘adotará as medidas necessárias’ para baixar a inflação e investidores já apostam em uma elevação da taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto porcentual no início do ano que vem

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast), Ricardo Leopoldo e Álvaro Campos
Atualização:

(Texto atualizado às 22h)

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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, indicou nesta quinta-feira, 10, que a instituição poderá elevar a taxa de juros básica da economia, a Selic, para controlar a inflação. “Independentemente do contorno das demais políticas, o Banco Central adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas de inflação”, disse Tombini, durante almoço de fim de ano da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.

O presidente do BC acrescentou que isso significa levar a inflação o mais próximo possível ao centro da meta em 2016, “circunscrevendo-a aos limites de tolerância”, e fazê-la convergir para o centro do objetivo em 2017. A meta central de inflação para 2016 e 2017 é de 4,5%, mas com margem de 2 e 1,5 ponto porcentual. 

Desequilíbrios fiscais devem sercorrigidos por medidas fiscais, disse Tombini Foto: Dida Sampaio/Estadão

A combinação das declarações de Tombini com a ameaça da agência de classificação de risco Moody’s de rebaixar a nota brasileira provocaram a disparada da taxa de juros negociada no mercado futuro. Com isso, o mercado, que já negociava as taxas com a previsão de um aumento de 0,50 ponto porcentual na Selic (hoje em 14,25% ao ano), agora mostra apostas em um aumento de 0,75 ponto na reunião de janeiro do Copom (Conselho de Política Monetária, formado por diretores do Banco Central).

Sem restrições. Tombini deu o recado também que não vê o Brasil em uma situação de dominância fiscal, em que a política de juros (monetária) perde efeito no combate à inflação. Ele disse que o BC “não limitará as suas decisões pelos possíveis impactos fiscais (contas públicas)” e reforçou que o banco tem conduzido sua política monetária de forma autônoma e continuará a fazê-lo para trazer a inflação de volta à meta. Tombini falou para uma plateia formada por banqueiros, executivos de bancos e economistas, na qual estava presente também o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O presidente do Banco Central disse que o modelo institucional brasileiro prevê plena separação entre as funções vinculadas às políticas monetária e fiscal, além de garantir os instrumentos para que o BC possa cumprir com independência sua missão. “Nesse sentido, desequilíbrios fiscais devem ser, e estão sendo, corrigidos por medidas fiscais.”

Tombini disse que um ajuste crucial para a retomada da economia brasileira é o fiscal. “É importante ser aprovada uma meta de superávit primário crível para 2016.” O ajuste dos preços administrados pelo governo que está sendo feito neste ano contribuirá para levar à redução da inflação em 2016. Para Tombini, as ações de política monetária restringirão os impactos dos preços administrados pelo governo no longo prazo.

Bancos capitalizados. Sem citar explicitamente o banco BTG Pactual, que vem sofrendo problemas de liquidez após a prisão de seu ex-controlador e ex-presidente André Esteves, Tombini disse que as instituições financeiras do País estão bem capitalizadas, com liquidez e pouco dependentes de recursos externos, e que o BC é “capaz de avaliar rapidamente os impactos potenciais de choques que atinjam o sistema financeiro, sejam eles de natureza econômica ou não econômica, de origem externa ou doméstica”.

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Pior momento. O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, afirmou que o Brasil atravessa agora o pior momento da inflação, mas que em 2016 poderá haver uma redução importante do índice. “A convergência da meta da inflação virá a seguir”, disse ele, sem citar um prazo para que a meta seja alcançada.

Portugal destacou ainda, durante seu discurso de abertura do almoço de confraternização do setor bancário, que o segmento sempre manifestou apoio ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo o presidente da Febraban, Levy com “persistência e inteligência” obteve “êxitos importantes” à frente da pasta, citando, por exemplo, a correção dos preços administrados, entre outros.

Portugal mencionou ainda o presidente do BC, Alexandre Tombini. “Com a administração de Tombini no Banco Central, houve avanços.”

Para concluir, o presidente da Febraban ressaltou que o mercado está preparado para apoiar a retomada do crescimento do Brasil. “Temos compromisso forte com o futuro do Brasil”, afirmou Portugal. / COLABORARAM PAULA DIAS E ALINE BRONZATI, COM REUTERS