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BC: não se deve esperar complacência com inflação

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Por Célia Froufe (Broadcast)
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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje que não se deve esperar do Banco Central uma atitude complacente quanto à inflação. "Os formadores de opinião e formadores de preços não devem ter dúvidas quanto à disposição da autoridade monetária de tomar decisões visando promover a convergência da inflação para o centro da meta em 2009 (de 4,5%)", disse. Segundo Meirelles, a autoridade monetária já vem atuando e continuará a agir "de forma tempestiva" para trazer a inflação ao centro da meta, de 4,5%, em 2009. "Tal atitude visa também evitar que se consolide um ambiente de pessimismo inflacionário no qual a política monetária perderia eficiência", afirmou Meirelles, no encerramento da Conferência "O Impacto do Brasil na Economia Global", promovida pela Sociedade Americana (Americas Society) e o Conselho das Américas (Council of the Americas) em conjunto com o Movimento Brasil Competitivo. Durante o anúncio da definição da meta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), houve rumores de mercado no sentido de que o BC poderia ser mais leniente com a inflação até 2010. Esta interpretação teve como base a expressão usada pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, de que a inflação seria convergida para a meta até "no máximo" 2010. Porém, o presidente do BC disse hoje que tem convicção de que esta postura trará, em última instância, os menores custos para a atividade econômica e para a sociedade. "E contribuirá para consolidar as fundações de uma estrutura econômica sólida, eficiente e eqüitativa", afirmou. Demanda interna Meirelles avaliou que, seja por causa da elevação dos preços de matérias-primas ou pela pressão de demanda sobre a capacidade produtiva, o fato é que a inflação se encontra em forte aceleração em todo o globo. Ele observou que nas economias maduras a alta dos preços de commodities tem tido papel dominante na aceleração inflacionária. "Por outro lado, nas economias emergentes, inclusive o Brasil, pressões de demanda doméstica têm tido papel relativamente mais importante na aceleração inflacionária do que nas economias maduras", comparou. Mais especificamente, Meirelles salientou que nas economias emergentes o aquecimento da demanda interna criou condições propícias à reverberação de pressões inicialmente isoladas de preços. "Não surpreendentemente, na grande maioria dos países emergentes a política monetária tem se voltado para o combate à inflação por meio de elevações de taxas de juros, que objetivam moderar o ritmo de expansão da demanda", afirmou. O presidente do BC disse também que há um consenso entre os bancos centrais de que a economia mundial precisa crescer a taxas mais moderadas e que, por isso, tem cabido às autoridades monetárias nacionais adotar medidas contracionistas. "A atuação de cada banco central vai evidentemente respeitar as condições econômicas locais, mas a ausência de uma ação coordenada não pode ser desculpa para atitudes lenientes no front inflacionário em escala nacional", alertou. Expectativas Meirelles garantiu que o Banco Central do Brasil não vem esperando e nem irá esperar que outras autoridades monetárias atuem para tomar decisões visando a combater pressões inflacionárias na economia doméstica. "Não atuar tempestivamente significaria permitir que impactos inicialmente localizados sobre índices de preços levassem a uma deterioração persistente da dinâmica inflacionária, por meio da piora das expectativas dos formadores de preços e salários", justificou.

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