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BC não vai radicalizar contra a alta do dólar, avalia mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto as forças políticas estão se reorganizando em torno dos candidatos que disputarão o segundo turno das eleições presidenciais, o mercado financeiro e o Banco Central ficam na expectativa de que dias piores ainda podem vir. O BC saiu na frente e tentou dificultar a especulação com dólar, mas não se esperam mudanças radicais da autoridade monetária nessa reta final da campanha. Mesmo sabendo que o BC ainda dispõe de mecanismos para conter a escalada do dólar, a aposta dos economistas é de que, até o fim do mês, a atitude será a de evitar confrontos que possam criar ainda mais turbulências no mercado. "O BC não tem muito o que fazer", afirma o economista Dany Rappaport, da Consultoria Tendências. Segundo ele, além de adiantar a rolagem de títulos e contratos especiais de câmbio (?swap?) que estão vencendo nos próximos dias, o BC deverá continuar intervindo no mercado para suprir a falta de dólares necessários para o pagamento de compromissos no exterior. "A medida que exigiu mais capital dos bancos para operar com dólar serve muito mais para evitar oscilações fortes nos resultados dos bancos do que para reverter a alta", argumenta. Hoje, a cotação da moeda estrangeira continuou pressionada, fechando a R$ 3,73. O clima de ansiedade do mercado se refletiu também nas altas taxas pagas pelo BC para rolar, antecipadamente, US$ 592 milhões em contratos de swap cambial e de títulos atrelados à moeda estrangeira. "Uma taxa de 40% em dólar é elevada, mas o BC está agüentando a situação", avalia Rappaport. "Se quisesse radicalizar, o BC teria mexido diretamente no limite de exposição cambial dos bancos", afirma o diretor de Análise de Risco do BES Investimento, Carlos Guzzo. "Isso poderia ter sido feito há algumas semanas mas, agora, poderia causar um ruído mais forte, porque provocaria um reposicionamento geral do sistema", defende. Atualmente, os bancos não podem ter mais do que 60% do seu patrimônio em operações que oferecem risco cambial. Além dessa restrição global, existem outros limites para operações específicas. A medida anunciada ontem altera apenas um desses limites, que não inclui, por exemplo, os contratos de swap cambial. "O BC sabe que essa é uma situação passageira e que, depois de definida a eleição, a cotação do dólar pode retomar um nível mais realista", diz Guzzo. Por isso, gastar reservas para segurar a cotação não é o ideal. No entanto, as intervenções do BC no mercado de câmbio nos próximos dias deverão se justificar pela falta de dólares para honrar compromissos no exterior. Se, por um lado, não há uma fuga generalizada dos investidores do Brasil, por outro não há ingresso de recursos externos. "Nas próximas duas semanas estão vencendo US$ 3,6 bilhões em contratos de swap e títulos cambiais. Além disso, o setor privado tem dívidas de cerca de US$ 4,5 bilhões que vencem no mesmo período", destaca Guzzo. "Não adianta ficar inventando medidas administrativas porque, em outubro, há uma concentração de vencimentos que se somarão à incerteza no cenário político."

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