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BC não vê razão para rever projeção do PIB

Para Meirelles, Brasil tem condição de avançar 4,7%

Por Nilson Brandão Junior
Atualização:

Apesar da turbulência internacional, provocada pela crise do mercado de crédito imobiliário americano, o Brasil conseguirá crescer 4,7% este ano, segundo previsão feita em julho pelo Banco Central (BC) para 2007. A avaliação foi feita ontem pelo presidente do BC, Henrique Meirelles. Segundo ele, deverá ocorrer "uma certa desaceleração" na economia americana, mas não há motivos para rever para baixo a expectativa de crescimento do Brasil. Meirelles disse que a economia brasileira atualmente é mais "resiliente", que a expansão do País está sendo impulsionada pela demanda interna, que a inflação está na meta e a economia, estabilizada. "O País tem condições, portanto, de manter uma trajetória de crescimento sustentado. É isso que faz a diferença para o Brasil", declarou Meirelles, que participou ontem de um seminário sobre inflação, na sede do Banco Central no Rio. Ele reconhece que existe no mercado e entre economistas a discussão sobre a extensão da crise. "Até que ponto ela (a desaceleração) se tornará maior ou não está em discussão", afirmou. Embora considere prematuro dizer que a crise pode aumentar muito, ele reconhece que uma desaceleração no mundo atingiria a economia global. "Uma desaceleração no mundo muito forte, caso ocorra, certamente prejudicará o crescimento de todos os países que fazem parte importante da economia mundial. Não há duvida de que uma recessão muito forte nos Estados Unidos e uma contração da economia mundial afetariam o Brasil. Está um pouco prematuro para dizer que isso vá acontecer", disse, citando que não há "indicativos nesse nível de magnitude". Para o presidente do BC, a grande lição que se pode tirar é que o Brasil conseguiu melhorar seus fundamentos econômicos em um momento "extremamente benigno". "O Brasil reforçou seus fundamentos não só externos, mas internos, fiscais e monetários", afirmou. Na avaliação de Meirelles, "o maior desafio" do País é criar condições para que possa crescer a taxas mais elevadas por um longo prazo. IMPACTOS Um estudo feito pelo Banco UBS para a economia mundial indica que os efeitos de um agravamento da crise nos Estados Unidos seriam "muito concentrados na economia americana" e com impacto de apenas 0,1% sobre o desempenho da economia brasileira, segundo o economista-chefe do UBS Pactual para a América Latina e ex-diretor do Banco Central, Eduardo Loyo. Ele comentou que o estudo partiu das hipóteses de uma queda sustentada das ações nos Estados Unidos de 10%, uma baixa dos preços dos imóveis no mercado americano também de 10% e uma alta de juros na economia americana de 100 pontos-base. Para ele, a redução do "impulso global vai ser menos importante no Brasil em função da demanda doméstica".

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