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BC nega culpa na crise e fala em incerteza política

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central disse nesta sexta-feira, durante conferência telefônica organizada pela Goldman Sachs de Nova York, que o movimento de desvalorização das Letras Financeiras dos Tesouro (LFTs) foi motivado por "preocupações quanto ao futuro do país" e isentou o BC de culpa na crise dos mercado financeio esta semana. Isso pode ser observado, segundo ele, nos deságios das LFTs, que aumentam para os títulos que vencem a partir de janeiro de 2003 e crescem com o prazo do título a partir dessa data. "Depois ocorreu o que tipicamente ocorre nos mercados, que são mecanismos de propagação e amplificação de tendências", disse. "Na verdade, o fator determinante nesse episódio foi simplesmente o fato de os detentores de títulos longos não mais se sentirem confortáveis com esses títulos ao preço de antes". Eleição Fraga disse considerar fundamental que os candidatos à Presidência garantam a continuidade da atual política econômica para que o nervosismo seja aliviado. "A saída da crise dependerá tanto de respostas maduras e ponderadas deste governo, até o final do ano, quanto de sinalizações igualmente maduras e ponderadas daqueles que hoje se candidatam a assumir a responsabilidade pelo futuro do nosso país", afirmou. Ele admite que o BC brasileiro fará intervenções no mercado quando e se necessário. Fraga afirmou que a crise desta semana não tem semelhança ao verificado no fim do ano passado, por causa da crise na Argentina. Segundo Fraga, não foi verificada demanda por proteção cambial nos últimos dias, como a observada no auge da crise argentina. Fraga acrescentou que, em outras circunstâncias, o mercado demonstrou nervosismo semelhante, mas recuperou-se ao observar os fundamentos. A tendência é de o mercado se acalmar, disse Fraga. Fundos Fraga, que, juntamente com sua equipe, tem sido alvo de críticas por parte do mercado, saiu em defesa do BC admitindo que a antecipação do prazo final para a marcação dos fundos a preço de mercado está provocando perdas aos investidores e nervosismo no mercado. Mas afirma que não é procedente a acusação do mercado de que foi o BC o responsável pela desvalorização das LFTs, ao inundar o mercado com as LFTs, especialmente este ano, quando foram vendidos títulos cambiais conjugados com esses títulos pós-fixados. Fraga diz que o BC resgatou em 2002 liquidamente 23 bilhões de LFTs, o que contraria a afirmação de excesso de títulos no mercado. Ele afirma também que o BC não "aumentou ou criou passivo cambial novo, mas sim modificou sua forma com os swaps (trocas)". Dívida O presidente do BC afirma que o perfil da dívida pública foi alongado nos últimos três anos, mas de maneira "gradual e naturalmente, a partir de um trabalho de reforço dos fundamentos econômicos que deu tranquilidade aos aplicadores". Esse processo de alongamento, segundo Fraga, pode ser retomado futuramente, se as conquistas recentes (responsabilidade fiscal, câmbio flutuante, inflação baixa e respeito aos contratos) forem mantidas. Sobre a crítica a respeito da antecipação do prazo para a marcação dos fundos, Fraga diz que, se isso não ocorresse, então haveria espaço para saques "dos mais espertos a um valor superior ao real, com perdas ainda maiores para os pequenos".

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