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BC pede fim da indexação para abrir mais espaço para a queda dos juros

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Por Edna Simão e Adriana Fernandes
Atualização:

No combate à indexação da economia para abrir mais espaço para a queda dos juros, o Banco Central sugere que os contratos deixem de ser reajustados pela inflação passada. O diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, reforçou ontem a campanha contra a indexação na economia e sugeriu que os contratos tenham o indicador de reajuste alterado na próxima renovação. "Na próxima renovação, o contrato pode ser escrito de outra forma. Isso não é quebra de contrato", disse. Ele, no entanto, rejeitou qualquer medida para a mudança obrigatória nesses contratos. O ideal, segundo o diretor, é o BC entregar uma inflação sempre dentro da meta, o que diminui a preocupação com os preços e a necessidade de indexação de contratos. O Brasil, disse, vai ter que encarar o problema mais cedo ou mais tarde. "A cultura da indexação é intensa. É um hábito que se consolidou de um período de inflação elevada que é difícil de se romper", diz Mesquita. A batalha do BC contra a indexação começou há alguns meses, desde que o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou o processo de redução dos juros para patamares mais baixos. Desde então os alertas têm sido sucessivos porque a indexação é apontada como um impedimento para a queda mais forte da taxa Selic. É dentro desse mesmo debate que estão incluídas as mudanças anunciadas em maio na poupança pelo governo, e que ainda não foram encaminhadas ao Congresso. A indexação da economia é um dos riscos que o BC aponta para a inflação. No relatório de inflação, divulgado ontem, o BC classificou de "relevante" esse risco para a evolução dos preços. Para o BC, a indexação representa mecanismos institucionais que inibem uma resposta mais intensa da inflação à maior ociosidade de recursos na economia. O diretor alertou ainda que o cenário de juros mais baixos exige monitoramento redobrado do sistema financeiro. Segundo ele, movimentos drásticos de aplicações financeiras podem ter implicações prudenciais. Por outro lado, disse o diretor, o comportamento das aplicações financeiras pode sinalizar e antecipar mudanças no comportamento da economia. Mesquita citou, por exemplo, o efeito de uma recuperação da bolsa de valores, que pode gerar novas emissões de ações e contribuir para a retomada da atividade econômica.

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