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BC perdeu R$ 17,3 bi para tentar segurar alta do dólar em 2014

Essa perda é a maior desde 2002, quando a equipe econômica decidiu usar o instrumento pela primeira vez.

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Por Célia Froufe (Broadcast) e Renata Veríssimo
Atualização:
Em última instância, porém, se o BC registrar um déficit em suas contas, ele é arcado pelo Tesouro Nacional, ou seja, é pago com dinheiro do contribuinte. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

Saiu caro para o Banco Central usar, em 2014, sua principal arma contra a valorização do dólar. No ano passado, a instituição registrou prejuízo de R$ 17,3 bilhões com as operações de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Essa perda é a maior desde 2002, quando a equipe econômica decidiu usar o instrumento pela primeira vez. O governo nunca admite que esta é uma ferramenta para conter a escalada da moeda. Oficialmente, trata-se de uma forma de promover liquidez ao mercado de câmbio e oferecer proteção aos agentes de mercado de variações bruscas das cotações.

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A alta de 13,4% do dólar no ano passado, que levou às operações com swap gerarem prejuízo, é também a que melhora outros resultados da contabilidade do BC. Em última instância, porém, se o BC registrar um déficit em suas contas, ele é arcado pelo Tesouro Nacional, ou seja, é pago com dinheiro do contribuinte.

Apenas em dezembro, as perdas do BC com essas operações somaram R$ 17 bilhões. Ao longo do ano, em cinco meses os leilões diários fizeram a conta ficar no vermelho - o pior momento foi visto em setembro (R$ 18,4 bilhões). Isso ocorreu às vésperas da eleição presidencial, quando o dólar engatou em uma trajetória firme de alta. Foi no início do ano, em fevereiro, que a instituição conseguiu embolsar o maior lucro em 2014, um total de R$ 8,3 bilhões.

O programa atual de leilões de swap teve início em agosto de 2013 e foi prorrogado algumas vezes desde então. Funciona assim: o Banco Central oferece diariamente ao mercado uma determinada quantia equivalente em dólares que vence no futuro e, em troca, recebe juros. Na prática, a negociação é feita em reais, porque o que se leva em conta no negócio é a variação da taxa de câmbio e dos juros do período da contratação até o vencimento, que pode ser estendido - o que o jargão financeiro chama de "rolagem".

Aos poucos, o BC tem diminuído a sua intervenção nesse mercado. Quando começou, a "ração diária" acumulava US$ 2 bilhões na semana. Atualmente, está em US$ 500 milhões. A promessa da autarquia é continuar a oferecer recursos novos por meio desse instrumento até, pelo menos, o fim de março. A decisão de continuar o programa ou voltar a mudar seus parâmetros apenas deve ser anunciada pelo presidente Alexandre Tombini às vésperas de seu encerramento.

Tombini tem salientado também a importância dos leilões e rolagens de swap como ferramenta de auxílio no custo manter reservas internacionais em patamares elevados. Atualmente, esse colchão de proteção do País a ataques especulativos está em US$ 372 bilhões.

A primeira vez que o BC optou pela oferta de ração diária ao mercado foi em 2002. Naquele ano, o prejuízo com essas operações foi de quase R$ 11 bilhões - o maior de todos até então. O rombo mais do que foi coberto, por assim dizer, no ano seguinte, quando as operações de swap renderam mais de R$ 15,6 bilhões de lucro, o maior ganho do BC com os leilões.

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