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BC: prazo tem permitido crédito mesmo com juros altos

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

A ampliação dos prazos de pagamento tem permitido que famílias continuem tomando crédito mesmo com a alta dos juros. A explicação foi dada hoje pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. "O prazo mais elástico faz com seja possível adequar a elevação da taxa de juros ao orçamento dos tomadores", diz. O chefe do Departamento Econômico do BC observa que o alongamento das operações ocorre apenas para pessoas físicas. Na média, o estoque das operações para as famílias teve prazo de 467 dias em julho, contra 466 dias em junho. O aumento de um dia, no entanto, não representa fielmente o que tem ocorrido no mercado, comenta Altamir, uma vez que a ampliação do prazo vista nas novas operações acaba sendo diluída. Isso porque o indicador trata do total de todos os empréstimos existentes no mercado. Não há levantamento sobre o prazo das novas concessões. Para Altamir, o prazo só cresce porque a renda familiar dos tomadores continua em expansão. Recentemente, varejistas anunciaram alongamento dos financiamentos para que o efeito do aperto monetário seja menos sentido pelos clientes. Altamir observa, porém, "que há limite" para essa ampliação. "O espaço (para o alongamento dos empréstimos) está se reduzindo", diz. Em 12 meses, o prazo cresceu 59 dias. Nas operações para as empresas, o prazo médio diminuiu de 303 para 299 dias entre junho e julho. Na média, o período de todas as operações de crédito do mercado caiu um dia, de 374 para 373 entre um mês e outro. Leasing Nas operações voltadas às pessoas físicas, o crédito continua sendo liderado pelo leasing, principalmente aquele voltado à compra de veículos. Em julho, a expansão foi de 7,8% na comparação com junho, para R$ 49,044 bilhões. Em 12 meses, a carteira do leasing para a pessoa física saltou 141,7%. Formalmente, o leasing é uma operação de arrendamento mercantil. Por essa característica, a operação tem juros menores que o financiamento tradicional (como o crédito direto ao consumidor) porque o bem adquirido permanece no nome da instituição financeira até o final dos pagamentos, o que dá mais segurança ao banco em caso de inadimplência. Além disso, a operação não paga o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A equipe econômica, no entanto, já admitiu que estuda a possibilidade de iniciar a cobrança do imposto nesse tipo de operação. Outro destaque entre as operações para as famílias ficou com o crédito imobiliário, que cresceu 3,3% entre junho e julho, para R$ 51,151 bilhões. Em 12 meses, a expansão acumula 30,2%.

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