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BC projeta inflação de 3,8% e PIB de 4,1% em 2007

Em relatório anterior do Banco Central, as previsões para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo estavam em 3,9% e para o PIB em 3,8%

Por Agencia Estado
Atualização:

O relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quarta-feira, 28, pelo Banco Central, projeta a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no fim de 2007 em 3,8% e o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano em 4,1%. As duas previsões consideram o cenário de referência do BC, que com taxa básica de juros, a Selic, constante em 12,75% ao ano e a taxa de câmbio em R$ 2,10 por dólar. No relatório de inflação de dezembro de 2006, a projeção para o IPCA no cenário de referência foi de 3,9%. Para 2008, no cenário de referência, a projeção de inflação também teve ligeira queda, de 4,5% para 4,4%. No cenário de mercado, que considera a trajetória esperada pelos analistas para a taxa de juros e para a taxa de câmbio, a projeção para o IPCA em 2007 ficou em 4% ante 4,3% no relatório anterior. Para 2008, a projeção ficou em 5% ante 5,4% no documento de dezembro. Todas as estimativas, exceto a que considera o cenário de mercado para 2008, estão abaixo do centro da meta de inflação fixada pelo Conselho Monteário Nacional (CMN), de 4,5%. PIB O relatório trimestral de inflação do BC revelou uma elevação na projeção do crescimento do PIB, que estava em 3,8% no último relatório. No documento, o BC afirma que os erros de previsão do PIB "são consideravelmente maiores do que os associados às projeções de inflação" porque levam em conta componentes "que não são diretamente observáveis" como PIB potencial e hiato do produto. Incertezas O relatório informa que na visão do BC o balanço de riscos para a inflação futura "permanece semelhante" ao verificado no relatório de dezembro. Entretanto, o documento aponta maiores incertezas no cenário externo e "mudança no panorama de riscos associados ao cenário interno". No cenário externo, o relatório destaca que persistem as dúvidas sobre a trajetória da política monetária e do crescimento dos Estados Unidos. "Não se podem descartar por completo novas elevações de taxas de juros nos EUA ainda que a avaliação dominante nos mercados seja a de que o ajuste da política monetária já teria se encerrado. Por outro lado, parece ter aumentado a sensibilidade dos investidores a dados que poderiam indicar um arrefecimento mais pronunciado da atividade nos EUA", destaca o documento do BC, argumentando que esse foi o foco central do aumento na volatilidade dos mercados nas últimas semanas, "ainda que existam também incertezas quanto à economia e aos mercados da Ásia". O relatório de inflação também aponta aumento de preocupação quanto à possibilidade de adoção de medidas de contenção econômica da China e sobre a extensão das posições de carregamento (carry trade, em inglês) financiadas em iene. Além disso, a autoridade monetária constata uma deterioração nas perspectivas para o preço do petróleo. No cenário interno, o documento destaca desaceleração na alta dos preços agrícolas do atacado e lembra que em 2007 "deverá ocorrer revisão tarifária de importantes concessionárias de energia elétrica, um procedimento cujos efeitos sobre as projeções de inflação (potencialmente benignos) estarão concentrados neste ano". Mas o BC pondera que por conta do processo de redução dos juros e a defasagem na transmissão da política monetária "implica um aumento da incerteza em relação à dinâmica futura da inflação". O Banco Central lembra ainda que os efeitos dos impulsos fiscais de 2006 e esperados para 2007 devem ser associados aos fatores de incerteza no cenário interno para inflação. Crescimento mundial No relatório trimestral de inflação, o BC observa que as perspectivas para o avanço mundial "permanecem favoráveis" para este ano, mas reconhece que o cenário é menos otimista em comparação com o ano passado. O documento destaca que esse cenário ainda positivo reflete sobretudo a continuidade da recuperação econômica no Japão e na Europa e o "forte crescimento de importantes economias emergentes", apesar de fatores negativos como o aumento na volatilidade nos mercados financeiros internacionais e a trajetória negativa do setor imobiliário, com seus potenciais impactos para uma desaceleração mais pronunciada da economia americana. Sobre a situação do mercado financeiro, o BC avalia que, embora a volatilidade tenha sido desencadeada pela queda na bolsa de valores de Xangai, ela está centrada "no aumento da incerteza sobre o desempenho da economia norte-americana e, de forma também importante, sobre a magnitude das posições em ativos de risco financiados em ienes". Em relação à economia norte-americana, o BC brasileiro comenta que a possibilidade de uma desaceleração mais forte provocada no setor imobiliário, que impacte mais fortemente a economia daquele país, "gera perspectivas de afrouxamento da política monetária" ainda no segundo semestre de 2007. Entretanto, a ação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), de acordo com o relatório de inflação, pode ser inibida pela "persistência da inflação em níveis superiores à suposta zona de conforto do banco central americano". Preços administrados Apesar de o mercado trabalhar com um cenário mais otimista, o Banco Central manteve a projeção da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) para o aumento nos preços administrados em 4,5% para este ano e em 5,6% para 2008 no relatório de inflação divulgado hoje. Em relação ao documento de dezembro, houve uma melhora na projeção para 2007, que era de 4,8%, e manutenção da expectativa para o ano que vem. No cenário para 2007, o BC explica que leva em conta "variação nula" nos preços da gasolina e do gás de botijão, alta de 3,3% nos preços médios da eletricidade - embora em outro trecho do documento, o BC admita que a revisão tarifária prevista para este ano é "potencialmente benigna" para esses preços - e 3,9% nas tarifas de telefonia. Matéria alterada às 10h36 para acréscimo de informações

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