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BC projeta mais inflação em 2011, mas reduz para 2012

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Por Redação
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O Banco Central (BC) elevou de forma expressiva sua projeção de inflação para este ano, mas reduziu o prognóstico para o crescimento. Ao mesmo tempo, enxerga uma melhora no balanço de riscos para a alta dos preços à frente, destacando uma "elevada probabilidade" de recessão no cenário global, em especial nas economias maduras. Prevendo um efeito desinflacionário para o Brasil da deterioração global, o BC reduziu a estimativa de inflação para 2012, na contramão do movimento feito pelos agentes econômicos, mostrou o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira. "A deterioração do ambiente internacional afeta negativamente as perspectivas de crescimento da economia doméstica e, por extensão, a dinâmica dos preços", afirmou o BC. A projeção do BC para o IPCA neste ano, em um cenário que leva em conta taxas de juros e câmbio estáveis, aumentou de 5,8 em julho para 6,4 por cento --bem próximo ao teto da meta oficial do governo, de 6,5 por cento pelo indicador, que mede a inflação aos consumidores. Para 2012, o prognóstico caiu de 4,8 por cento para 4,7 por cento. O mercado, por outro lado, tem elevado suas projeções para o próximo ano e aposta em uma inflação bem mais elevada. A pesquisa Focus do próprio BC divulgada na segunda-feira, que ouve semanalmente quase 100 instituições, mostrou que as estimativas para o IPCA em 2012 foram elevados pela quarta vez seguida e estão em 5,52 por cento. No relatório, o BC projeta ainda que a inflação chegaria ao centro da meta de 4,5 por cento apenas no segundo trimestre de 2013 no caso do cenário de referência, com juros e câmbio estáveis, mantendo-se nesse patamar no terceiro trimestre daquele ano, último período de previsões do documento. O BC tem reiterado, contudo, e o fez no Relatório desta quinta-feira, que a inflação convergirá para o centro da meta de inflação em 2012. Ainda nesta manhã, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, afirmou em palestra que a inflação está sob controle e convergirá ao centro da meta em 2012. No final de agosto, o BC surpreendeu o país ao reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto, para 12 por cento ao ano, após um ciclo de cinco altas consecutivas. CHANCE DE RECESSÃO Com a crise internacional cada vez mais intensa, o BC reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2011 de 4,0 para 3,5 por cento. "No Brasil, observa-se moderação do ritmo de atividade que, entretanto, ainda continuará sendo favorecida pela demanda interna", afirmou o BC. Como riscos domésticos, a instituição apontou as chances de repasses da inflação acumulada em 12 meses, em meio a um descompasso entre oferta em demanda e um mercado de trabalho ainda aquecido. O BC também destacou que a piora das expectativas de inflação podem tornar a dinâmica inflacionária "mais persistente." O BC informou ainda que vê "possibilidade elevada de recessão" em alguns países devido à crise global, "em especial nas economias maduras", com a desaceleração econômica. O texto traz que "em linhas gerais, do lado externo, o cenário prospectivo contempla substancial redução no ritmo da atividade econômica global, em casos específicos com possibilidade elevada de que ocorra recessão, em especial nas economias maduras." A autoridade monetária avaliou no relatório um cenário alternativo, em que considerou que o impacto da deterioração das condições internacionais para o Brasil será equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional de 2008 e 2009. Neste caso, mesmo com quedas adicionais dos juros, a inflação ficaria no mesmo patamar do cenário de referência --de 6,4 por cento em 2011 e de 4,7 por cento para 2012. As projeções de juros subiam nesta quinta-feira logo após a divulgação do relatório, com o mercado fazendo ajustes no cenário para a Selic. Às 10h52, o contrato de Depósito Interfinanceiro janeiro de 2013 estava em 10,49 por cento, contra 10,41 por cento no ajuste da véspera. (Reportagem de Isabel Versiani, Vanessa Stelzer e Patrícia Duarte)

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