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BC quer céu de brigadeiro para o mundo todo, diz Solimeo

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 26,5% ao ano, frustrou a expectativa do economista Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que esperava uma queda, por mínima que fosse, para sinalizar uma melhoria para o comércio, que poderia começar a ampliar os prazos de concessão de crédito. Ele é de opinião que o Banco Central (BC) está esperando uma conjuntura favorável demais para decidir baixar os juros. "Estão querendo céu de brigadeiro no mundo todo, não pode ter uma nuvenzinha nem no Alaska que, pronto, não pode baixar os juros", critica ele. Indústria e comércio Na sua opinião, para as empresas o que interessa é efeito da taxa nos juros pagos pela empresa. Para ele, essa disposição de esperar o mercado financeiro para decidir não dá certo. "Se sobe é porque sobe, se desce é porque ainda não desceu o bastante", reclama. Na verdade a decisão acompanha um efeito retardado sobre o impacto dos aumentos de preços ocorridos e não de um olhar para a frente. "Será que eles acreditam que mais ou menos 0,50 ponto percentual pode mexer com a demanda? Na verdade, o mercado financeiro força a expectativa e aí o BC acompanha". Segundo ele, o movimento do comércio está fraquíssimo e não é em razão de excesso de demanda que tem pressão inflacionária. Essa é uma inflação de custos, diz ele, e as empresas estão repassando preços porque senão quebram e isso nada tem a ver com o aumento da demanda. "Se for esperar pelas expectativas do mercado financeiro, o Copom não vai reduzir a taxa de juros nunca. Se chove é porque chove, se faz sol é porque faz sol, então o mercado nunca está satisfeito", diz ele. Sinalização Solimeo acha que o BC deveria ter sinalizado, ao menos, tirando meio ponto percentual. Não que o juro fosse ficar baixo, "de 26,5% ao ano para 26% ao ano estaria muito alto do mesmo jeito, entre os campeões do mundo", mas pelo menos seria um sinal de boa vontade para com a economia real. Do ponto de vista prático, o único beneficiado no curto prazo seriam as contas do governo, pois, para a dívida pública, qualquer redução é boa.

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