BC reduz juros básicos da economia para 5,5%, menor patamar da história

Com a fraqueza da economia e com índices controlados de inflação, corte de 0,50 ponto porcentual na Selic já era esperado pelo mercado

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Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro
3 min de leitura

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a Selic, a taxa básica de juros, em 0,50 ponto porcentual, de 6,00% para 5,50% ao ano. Esse é o segundo corte da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

Em meio à fraqueza da economia e aos índices controlados de inflação, a expectativa majoritária do mercado financeiro era de que a Selic passasse por um novo corte. De um total de 55 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam por um corte de 0,50 ponto, para 5,50% ao ano.

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Ao anunciar sua decisão, o Copom - formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelos oito diretores da instituição - também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado, que utiliza expectativas do mercado financeiro para o câmbio e os juros, o BC alterou sua projeção para o IPCA, o índice oficial de preços, em 2019 de 3,6% para 3,4%. No caso de 2020, a expectativa permanece em 3,6%. 

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%).

Impactos

Apesar do corte de 0,50 ponto porcentual na Selic, o impacto imediato no custo do crédito ao consumidor final tende a ser pequeno, avalia a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Cálculos feitos pela entidade indicam que o juro médio cobrado de pessoas físicas no comércio passará de 78,36% para 77,54% ao ano. No caso do cartão de crédito, a redução significará queda dos juros de 266,85% para 265,28% ao ano.

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O Copom se reúne a cada 45 dias para discutir a Selic. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 19/7/2016

Em relação aos investimentos, de acordo com o economista Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac, com a nova queda da Selic os fundos de renda fixa continuam perdendo competitividade em relação à caderneta de poupança. Isso ocorre principalmente nos casos de aplicações de valores mais baixos, já que as taxas de administrações dos fundos costumam ser maiores.

A Anefac lembra que, com a Selic a 5,50% ao ano, o rendimento da caderneta de poupança – equivalente a 70% da taxa básica – passa a ser de 3,85% ao ano. Neste cenário, um investimento em fundo de renda fixa passa a ser mais rentável que a poupança apenas se sua taxa de administração for inferior a 1% ao ano.   

Entenda

A cada 45 dias, o Copom se reúne para calibrar o patamar da taxa Selic buscando o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para 2019, a meta central de inflação é de 4,25%. O sistema prevê uma margem de tolerância, para mais ou para menos. Por isso, a meta será considerada formalmente cumprida pelo Banco Central caso fique entre 2,75% e 5,75%. Para 2020, a o objetivo central é uma inflação de 4% – com oscilação autorizada entre 2,5% e 5,5%.

Quando a inflação está alta ou indica que vai ficar acima da meta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito (financiamentos, empréstimos, cartão de crédito), freando o consumo e reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação cai.

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Se as estimativas para a inflação estão em linha com a meta, como ocorre no cenário atual, é possível reduzir os juros. Isso permite maior endividamento das famílias e empresas e estimula a produção e o consumo. Essa decisão também precisa ser ajustada de forma a evitar o descontrole dos preços.