20 de janeiro de 2016 | 19h05
DAVOS - Enquanto o mercado espera a decisão da primeira reunião de política monetária do Banco Central de 2016 e em meio à polêmica a respeito de eventual pressão do governo sobre a instituição presidida por Alexandre Tombini, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reafirmou que o BC tem autonomia para decidir o rumo dos juros. Em entrevista na Suíça nesta quarta-feira, 20, Barbosa frisou diversas vezes, porém, que o País vive um "ambiente de elevada volatilidade".
"O BC tem autonomia operacional para administrar a política monetária como achar adequado. Estamos em um ambiente de elevada volatilidade e não cabe a mim comentar decisões do BC", disse em entrevista coletiva após o primeiro dia do Fórum Econômico Mundial.
Tombini embaralha apostas sobre juros
Barbosa argumentou ainda que, embora a estimativa seja importante por vir de um órgão respeitado, "é apenas uma projeção". "No início de um ano com muita volatilidade, há revisões em várias coisas e não só com o Brasil, mas também com taxas de câmbio e commodities", citou. "O importante é tomar medidas para estabilizar a economia. Isso inclui o esforço fiscal e criar condições para retomada da economia, sobretudo com investimento". (Fernando Nakagawa e Fernando Dantas, Enviados especiais)
Reservas. Barbosa negou qualquer plano de usar as reservas internacionais para reagir à situação de crise na economia. Ao contrário, disse que o ideal é manter as reservas em patamar elevado. "Em um momento de volatilidade, a melhor política é continuar mantendo um estoque elevado de reservas e, eventualmente, adotar medidas para reduzir volatilidade no câmbio com swap cambial", afirmou.
Além de mostrar solidez com as reservas e corrigir eventuais desequilíbrios no câmbio, Barbosa repetiu que a equipe econômica continua comprometida em adotar medidas para equilibrar as condições macroeconômicas. "Vim para mostrar que muito se avançou, mas obviamente vivemos uma fase de retração da atividade econômica. Vamos continuar adotando medidas para estabilizar", disse após o primeiro dia de participação no Fórum Econômico Mundial.
"O Brasil está em processo de reequilíbrio da política econômica em um ambiente adverso. Mas muito já foi feito. Um ano atrás o ministro (Joaquim Levy) colocou como prioridades a reforma do seguro-desemprego, do seguro por morte e dos subsídios fiscais e financeiros como o crédito PSI e a energia", disse Barbosa, ao citar que esses problemas foram encaminhados e o governo tomou medidas para corrigir essas distorções.
"Então, se avançou na direção correta." Agora, o esforço está em "completar o ajuste fiscal e avançar para um reforma fiscal". "Esse é maior desafio neste momento e tenho certeza que as lideranças políticas entendem", disse.
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