PUBLICIDADE

Publicidade

BC usará US$ 10 bilhões do FMI para tentar acalmar o mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, anunciam nesta quinta-feira, ao meio-dia e meia, que o Brasil exercerá o direito de saque de US$ 10 bilhões relativos ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), cuja vigência termina no fim do ano. Os recursos servirão para reforçar as reservas brasileiras, neste momento de incertezas no mercado financeiro. Esse dinheiro, contudo, não deve, em princípio, ser usado para intervenções no mercado cambial, com venda de moeda. Nesta quarta-feira, nem boas notícias nas áreas de inflação e arrecadação de tributos diminuíram a queda-de-braço entre o mercado e o Banco Central. O mercado forçou a mão e os ativos brasileiros voltaram a despencar. O dólar fechou em alta de 3,06%, cotado a R$ 2,795, o maior nível desde setembro do ano passado, logo após os ataques terroristas nos Estados Unidos. O risco país, que reflete os juros dos títulos da dívida externa em relação aos de papéis americanos, disparou e chegou a superar os 1.300 pontos, deixando o Brasil só atrás da Argentina e da Nigéria. Também os juros no mercado doméstico voltaram a disparar. Nervosismo O mercado acentuou o nervosismo à tarde depois que BC foi mal-sucedido no leilão de rolagem parcial do vencimento de cerca de US$ 2,354 bilhões em títulos cambiais no próximo dia 19. Além de não conseguir vender todo o lote, o BC voltou a pagar taxas elevadas, mesmo com o vencimento dos títulos em dezembro, antes da posse do novo presidente. Ou seja, o mercado doméstico está resistindo a emprestar mesmo para o atual governo. Segundo operadores, o mercado não quer mais títulos públicos por enquanto, seja qual for o prazo, e pede dólar à vista, conjugado ao anúncio do saque de recursos da linha de crédito que o País tem no FMI. O diretor de Tesouraria do banco Fator, Sérgio Machado, diz que no momento o mercado está tão tumultuado que não adianta o BC oferecer títulos agora. Para ele, a solução é deixar o mercado se adaptar aos novos níveis de preço sozinho, com a ajuda de algum anúncio positivo para virar os ânimos. BC x mercado A briga entre o BC e o mercado começou justamente por causa da perda de muitos fundos, que tiveram de antecipar uma mudança de regra contábil, com títulos do governo. Para pagar clientes que sacaram (ou que ainda podem sacar) recursos dos fundos por causa das perdas, os administradores venderam títulos do governo, derrubando os preços desses papéis e causando novos prejuízos. Os bancos não estariam dispostos a comprar títulos que não conseguirão vender, caso precisem de dinheiro rapidamente. Essa falta de liquidez já estaria causando sufoco para bancos médios administrarem os caixas. Com o salto dos juros futuros no mercado doméstico, dispararam também os juros em dólar. Quando esses juros em dólares sobem, automaticamente contaminam os juros dos títulos da dívida externa; já a compra desses papéis na prática equivale à operação de juros em dólar para o investidor externo. Risco dívida Para o vice-presidente da área de mercados emergentes do JP Morgan em Nova York, Drausio Giacomelli, existe também uma novidade na percepção do risco da dívida pública brasileira. ?O Brasil era visto como um país que não teria dificuldade com a dívida interna?, diz. Agora, com o mercado recusando títulos oferecidos pelo BC, essa percepção começa a mudar. No fim do dia, houve uma leve melhora nas cotações, em reação à aprovação da CPMF. O risco Brasil baixou para 1.296 pontos, embora ainda tenha deixado o País no terceiro lugar do ranking dos mais arriscados. A Bovespa foi o mercado que fechou em menor queda. O Ibovespa perdeu 0,64%, em 12.132 pontos, variando entre uma alta de 1,55% e queda de 1,26%, com volume de R$ 935,916 milhões ou US$ 334,853 milhões.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.