Publicidade

BC vai emprestar US$ 36 bi das reservas para empresas

Valor equivale ao total de vencimentos de dívida privada no exterior entre outubro de 2008 e dezembro de 2009

Por Fernando Nakagawa e da Agência Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira, 5, que "está pronto" para oferecer até US$ 36 bilhões a empresas brasileiras com dívida no exterior, mas não acredita que a demanda chegará a esse montante. Veja também: De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  O valor de US$ 36 bilhões equivale ao total de vencimentos de dívida privada no exterior entre outubro do ano passado e dezembro deste ano - prazo que se enquadra nas regras estabelecidas pelo governo para essa modalidade de empréstimo, anunciada em dezembro passado. Ao apresentar os detalhes da operação, Meirelles reiterou a estimativa de que a demanda fique em torno de US$ 20 bilhões. Ele explica que a diferença acontece porque o BC acredita que parte dessas empresas com dívida consiga renovar cerca de metade dos compromissos. "A expectativa é que as empresas consigam rolar alguma coisa, entre 40% e 50%. Assim, em princípio, temos a expectativa de que vamos repassar cerca de US$ 20 bilhões", disse. As empresas que precisarem dos recursos vão negociar as condições para um empréstimo com um dos bancos brasileiros autorizados a fazer a operação com o BC. A partir daí, a instituição financeira escolhida buscará o dinheiro junto à autoridade monetária. O crédito será repassado pelo BC aos bancos nos dias 27 de fevereiro, 13 de março e 27 de março. O BC cobrará dos bancos a variação da Libor (juro de títulos americanos) mais 1,5% ao ano. Reservas totais O presidente do BC afirmou que a autoridade monetária tem reservas suficientes para fazer frente à necessidade do mercado de financiar as dívidas no exterior. Atualmente, as reservas estão em US$ 200 bilhões e Meirelles afirmou que, nas atuais condições, o Brasil consegue oferecer dólares sem precisar de recursos extras, como a linha de troca de moedas oferecida pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos). "Esse é o uso perfeito das reservas. As reservas são feitas para serem usadas", disse o presidente do BC. Ele afirmou que países na Europa têm usado essa mesma alternativa para ofertar recursos às empresas que têm dívida no exterior e, por causa da crise, não têm conseguido renovar esses compromissos. Ao ser questionado sobre a possibilidade de inadimplência por parte das empresas que tomarem os recursos, Meirelles explicou que esses casos deverão ser cobrados pelas próprias instituições. Mesmo com a inadimplência entre os tomadores finais, ele explicou que a expectativa é que os bancos paguem os compromissos com o BC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.