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BC vê desaceleração do crédito às famílias em maio

Por ISABEL VERSIANI
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As operações de crédito oferecidas pelo sistema financeiro cresceram 2,6 por cento em maio e atingiram 36,5 por cento do Produto Interno Bruto, maior volume desde janeiro de 1995. Apesar do crescimento no volume total, o Banco Central reforçou discurso de que os financiamentos às pessoas físicas apresentam acomodação --com desaceleração de volume e prazos e ligeira elevação na inadimplência-- ao divulgar os dados nesta terça-feira. "Você tem uma clara acomodação no crédito à pessoa física, principalmente no crédito pessoal", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ressaltando que esse comportamento já configura uma tendência. "E, por outro lado, há uma elevação no crédito à pessoa jurídica, tendo como característica captação de grandes empresas." O crédito tem sido determinante para manter a economia brasileira aquecida, e economistas estão atentos a sinais de desaquecimento desse mercado desde que o BC deu início a um ciclo de aperto monetário, em abril, para fazer frente à elevação da inflação. Para Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas, os dados de maio ainda não apresentaram sinal "significativo" de desaceleração. "O relatório de hoje está em linha com nossa visão de que o Banco Central adotará um tom mais duro no Relatório de Inflação", ponderou em relatório. JUROS Os financiamentos às pessoas físicas cresceram 1,4 por cento em maio e, para as empresas, o aumento foi de 3,6 por cento. O prazo médio dos financiamentos ficou estável em 370 dias pelo terceiro mês consecutivo. A taxa de inadimplência aumentou para 7,3 por cento para as pessoas físicas, ante 7,1 por cento em abril. A taxa média de juros cobrada pelos bancos subiu levemente e atingiu 37,6 por cento ao ano no mês passado, frente a 37,4 por cento em abril. A elevação refletiu o encarecimento do financiamento às empresas, cuja taxa atingiu 26,9 por cento, ante 26,3 por cento em abril. Para as pessoas físicas, a taxa média caiu para 47,4 por cento, ante 47,7 por cento em abril. Essa redução, que ocorreu a despeito da elevação da taxa de captação dos bancos, foi ocasionada, segundo Lopes, pelo fim da cobrança da Taxa de Abertura de Crédito --banida pelo governo a partir do fim de abril. O BC estima que o volume de crédito fechará o ano em 40 por cento do PIB.

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