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BC vê inflação acima da meta em 2014

Índice de preços ficará acima do centro da meta em todos os anos do governo Dilma, segundo projeções do Banco Central

Por IURI DANTAS/BRASÍLIA
Atualização:

Doutora em economia, Dilma Rousseff corre o risco de entrar para a história como a primeira presidente com inflação acima da meta durante todo o mandato, desde a criação do sistema em 1998. Em seu relatório mais importante, o Banco Central informou ontem que as projeções para o IPCA ultrapassam a meta de 4,5% até dezembro de 2014. Essas previsões embutem, por outro lado, uma boa notícia: não será necessário elevar a taxa básica de juros neste período para controlar os preços.Segundo os cálculos do BC, a inflação terminará este ano em 5,7%, caindo para 4,8% no ano que vem. A partir daí, volta a ganhar força e fecha o último ano do governo Dilma na casa dos 4,9%. No ano passado, primeiro do mandato da petista, o IPCA bateu em 6,5%. Todos estes índices superam o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas são considerados tecnicamente em linha com o objetivo porque há uma margem de tolerância de dois pontos porcentuais. Ou seja, para ficar dentro da meta a inflação deve terminar o ano entre 2,5% e 6,5%. Os dados, que constam do Relatório Trimestral de Inflação do BC, mostram preços estão sob controle, mas subindo mais do que deveriam. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entregou a inflação na meta apenas em 2000. Já Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu a meta em 2006, 2007 e 2009. Nos demais anos dos dois ex-presidentes a inflação superou o objetivo.Juros. As projeções foram feitas com base no chamado "cenário de referência". Neste tipo de cálculo, o BC pressupõe que vão continuar inalterados tanto a taxa de câmbio, em R$ 2,05, quanto a taxa de juros, em 7,25%. Portanto, o BC sinaliza com as estimativas que não será necessário elevar a taxa Selic para controlar a inflação, a menos que ocorra um choque inesperado. As estimativas não significam, necessariamente, que a inflação vai ultrapassar a meta até 2014, segundo o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, porque haveria "riscos para os dois lados". "Continuamos trabalhando com a perspectiva de que a inflação estará em torno da meta no ano que vem", afirmou. O relatório não incorpora o provável aumento da gasolina na faixa de 10% previsto para 2013. Entre os motivos que explicam a resistência da inflação, segundo o diretor do BC, estariam os gastos do governo, o choque de preços agrícolas, a depreciação cambial. A baixa taxa de desemprego e os altos reajustes salariais vêm resultando em pressão inflacionária, explicou Araújo. Além disso, a economia brasileira ainda é muito "indexada", de acordo com o BC. Isso significa que reajustes de preços futuros, como os aluguéis, por exemplo, tomam como base a inflação passada, perpetuando os preços em patamares elevados. Para 2013 e 2014, no entanto, o BC espera maior contenção fiscal e maior economia do governo para o pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário. Neste ano, o governo deixou de economizar R$ 25,6 bilhões devido aos cortes de impostos e a desaceleração econômica, de acordo com o BC, mas no ano que vem a ideia é poupar mais. Por último, Araújo lembrou o aumento de tarifas para a importação de produtos como fator de pressão inflacionária.

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