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BC vê inflação e crescimento menores; há impacto por vir dos juros

O Banco Central passou a ver menos crescimento econômico neste ano, ao mesmo tempo em que reduziu as expectativas de inflação em 2014 e 2015, sinalizando que deve manter a Selic no patamar atual por mais tempo do que muitos agentes econômicos pensavam até então. Segundo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, o BC também informou que os efeitos da sua política monetária, "em parte, estão por se materializar", mas repetiu que tem de se manter "vigilante". Além disso, informou que "as decisões futuras de política monetária serão tomadas com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas". "O Copom pondera que o ritmo de expansão da atividade doméstica tende a ser menos intenso este ano, em comparação ao de 2013, e que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada", afirma a ata, acrescentando que o consumo também tende a crescer menos do que o visto em anos anteriores, ao mesmo tempo em que os investimentos tendem a ganhar impulso. Na ata anterior, de abril, o BC afirmou que a atividade tendia a se manter "relativamente estável". A economia brasileira iniciou o ano desacelerando, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo apenas 0,2 por cento no primeiro trimestre, afetada pelo mau desempenho da indústria e dos investimentos. [nL1N0OG1DR] Na semana passada, o BC interrompeu o ciclo de aperto monetário iniciado em abril de 2013 ao decidir manter a Selic em 11 por cento ao ano, como era amplamente esperado pelos agentes econômicos apesar de a inflação ainda estar elevada e perto do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais. [NL1N0OF029] O que chamou a atenção foi o BC ter dito, em comunicado, que a decisão ocorria "neste momento", levando boa parte dos especialistas a acreditar que a porta estava aberta para voltar a subir a taxa básica de juro em pouco tempo. Com a ata, no entanto, essas percepções perderam força. O economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, passou a achar que "muito provavelmente" o BC não vai voltar a subir a Selic em dezembro, como acreditava até a publicação dessa ata. Isso porque, além de a autoridade monetária ver menos inflação neste ano e no próximo, passou a ver crescimento menor da economia em 2014. "Pela ata, a intenção deles (BC) é não subir a Selic tão cedo", afirmou. "Eu acho que precisaria, mas não é o que está sendo indicado", acrescentou. A expectativa de economistas ouvidos na pesquisa Focus do BC é de que o PIB cresça apenas 1,5 por cento neste ano, num momento em que a presidente Dilma Rousseff tenta a reeleição, abaixo dos 2,5 por cento do ano passado. [nL1N0OJ0CW]

Por PATRÍCIA DUARTE
Atualização:

MENOS INFLAÇÃO

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Pela ata, o BC reduziu sua projeção para a inflação, sem informar os valores, tanto para 2014 quanto 2015 pelo cenário de referência. No entanto, informou que elas continuam acima do centro da meta.

Diretores do BC têm dito que a recente inflação dos alimentos é temporária, balizando a decisão de parar de subir os juros. Mas, por outro lado, demonstram forte preocupação com a inflação dos preços administrados. Na ata, o BC manteve o cálculo de que ela ficará em 5 por cento neste ano.

O BC elevou suas contas sobre os preços das tarifas de energia elétrica neste ano, com alta de 11,5 por cento, ante 9,5 por cento. Por outro lado, passou a ver queda de 4,2 por cento nos preços na telefonia fixa, sobre estabilidade vista até então.

"Nos últimos doze meses as condições monetárias foram apertadas, mas o Comitê avalia que os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar", trouxe a ata do Copom.

No documento anterior, de abril, a autoridade monetária havia dito que os efeitos da política monetária sobre a inflação eram "cumulativos" e se manifestavam "com defasagens", e que "parte significativa" dos efeitos das altas da Selic estava para acontecer.

"É uma ata de quem parou (de subir juros) e de quem quer ficar parado por algum tempo. A não ser que tenha uma reversão de cenário", afirmou o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo.

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