INFLAÇÃO NO TETO
Sobre a inflação, o BC vê que o IPCA subirá 6,4 por cento neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 6,1 por cento e praticamente no teto da meta do governo --de 4,5 por cento, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Com isso, o BC passou a ver chances praticamente iguais de a inflação estourar ou não o teto da meta neste ano. Segundo o relatório, a possibilidade de ficar acima do limite está em torno de 46 por cento, frente aos 38 por cento no documento anterior.
O BC vê ainda alta de 5,7 por cento do IPCA em 2015, um pouco acima da projeção anterior (5,5 por cento), e de 5,1 por cento nos 12 meses até junho de 2016.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada no início do mês o BC já havia sinalizado que o ritmo de expansão da atividade tendia "a ser menos intenso este ano, em comparação ao de 2013", o que levou boa parte do mercado a acreditar que a taxa básica de juros não seria mexida até o início de 2015. No mês passado, o BC encerrou o ciclo de aperto monetário, que durou um ano e tirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento para o atual patamar de 11 por cento ao ano. Mas, apesar do movimento, a inflação continua em patamares elevados. O BC têm argumentado que a recente inflação dos alimentos é temporária, balizando a decisão de parar de subir os juros. Mas, por outro lado, demonstra preocupação com a inflação dos preços administrados, com previsão de avanço 5 por cento neste ano. Para 2015, no relatório divulgado mais cedo, o BC piorou a projeção a 6 por cento, frente a 5 por cento.
"O Copom avalia que pressões inflacionárias ora presentes na economia --a exemplo das decorrentes do realinhamento de preços administrados em relação aos livres; do realinhamento de preços domésticos em relação aos externos; e de ganhos salariais incompatíveis com ganhos de produtividade-- tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a política monetária", informou o BC pelo relatório.
(Reportagem adicional de Silvio Cascione, em Brasília)