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BC vende US$ 2 bilhões de reservas para segurar valor do dólar

Após anúncio do aumento da CSLL dos bancos, moeda americana tem cotação em torno de R$ 5,70 nesta terça

Foto do author Luci Ribeiro
Por Luci Ribeiro (Broadcast) e Silvana Rocha
Atualização:

BRASÍLIA e SÃO PAULO - O Banco Central vendeu US$ 2 bilhões das reservas internacionais para segurar o valor do dólar em R$ 5,70. A moeda americana opera em alta nesta terça-feira, 2, com investidores reagindo à decisão do presidente Jair Bolsonaro de zerar impostos federais sobre diesel e gás de cozinha. 

A medida foi compensada com aumento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 20% para 25% até o fim do ano, retirada da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para pessoas com deficiência comprar carros acima de R$ 70 mil e fim de programa especial de tributação para a indústria petroquímica, o Reiq. 

O Banco Central vendeu US$ 2 bilhões das reservas internacionais para segurar o valor do dólar em R$ 5,70. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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No leilão na hora do almoço, o BC vendeu US$ 1,095 bilhão, com taxa de corte foi de R$ 5,70 e 13 propostas aceitas. No início da manhã, já tinha vendido US$ 1 bilhão.

O estrategista Jefferson Laatus, do Grupo Laatus, afirma que a alta forte responde à fuga de capitais, com estrangeiros saindo do País, após a confirmação do aumento da CSLL dos bancos para compensar o corte de impostos do diesel e gás de cozinha. 

"Bolsas de Nova York em baixa e alta dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior se somam à quebra de promessa do presidente Jair Bolsonaro de que não elevaria tributos, após anúncio de aumento da CSLL de bancos. É uma tempestade perfeita apoiando a demanda para proteção", avalia Jefferson Rugik, diretor-superintendente da corretora Correparti.

Rugik comenta que há desconfiança e os estrangeiros saem do País. "Tem fuga de capitais, sim. O fluxo financeiro é negativo e há busca de proteção no mercado futuro", observa o diretor

O sócio da Acqua Investimentos Bruno Musa atribui também ao fluxo financeiro negativo grande parte da alta do dólar no mercado local até agora. Os investidores estrangeiros saem do Brasil por insegurança, após alta da CSLL dos bancos, e podem estar rumando para a segurança e rentabilidade maior dos Treasuries longos dos EUA, cujo rendimento segue em alta, refletindo expectativas de que a inflação acelere e leve bancos centrais a elevar juros.

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"Quem vai pagar o aumento da CSLL dos bancos é o tomador de crédito, porque o custo de contratação vai aumentar na ponta, dificultando ainda mais a retomada da economia", avalia. 

O presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Ricardo Gelbaum, afirmou que o aumento da alíquota da CSLL para bancos, anunciado na segunda-feira, 1º, à noite pelo governo federal, é uma medida "absurda" e "disparatada". "Espero que seja temporária", disse o executivo.

Para Gelbaum, a elevação da alíquota, de 20% para 25%, prevista para durar seis meses, de julho a dezembro, é "ruim como um todo" e uma "péssima sinalização", com efeitos sobre os empréstimos concedidos. "Impede o crescimento do crédito", afirmou Gelbaum. "O aumento vai entrar na conta do spread", disse também. "Se for definitivo, pior ainda. O sistema financeiro já é o segmento da economia que mais paga imposto. É o segmento que menos demite, que mais investe em educação financeira, que mais contrata", listou o executivo.

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Vanei Nagem, responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, diz que Nova York ruim e a alta de tributo para bancos para compensar o corte de imposto no diesel e gás de cozinha pesam na precificação do dólar. "Os bancos podem ganhar menos e não deverá ser fácil, agora, repassar esse aumento de custo bancário para a contratação de crédito. A inadimplência está grande e não se sabe se os bancos conseguirão repassar a alta de custo com imposto para o crédito", avalia.

Após a repercussão negativa nos mercados, o presidente Jair Bolsonaro desistiu de fazer, na noite desta terça, um pronunciamento em cadeia nacional de televisão e rádio. O chefe do Executivo estava com a agenda livre de manhã para produzir a mensagem, mas desistiu e não chegou a gravá-la. O pronunciamento devia abordar a medida do governo federal de zerar PIS/Cofins sobre o óleo diesel por dois meses e sobre o gás de cozinha de forma permanente. A redução atende a reivindicações de caminhoneiros, base de apoio do presidente, e ocorreu após reajustes nos preços de combustíveis anunciados pela Petrobrás.

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