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BCE alerta para risco de mais perdas nos bancos

Instituição vê possibilidade de calote das empresas na zona do euro

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Por Redação
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Os maiores bancos da zona do euro deverão enfrentar mais aperto nos lucros e pressões para diminuir a alavancagem e o risco por um período prolongado, afirmou o Banco Central Europeu (BCE) em seu relatório semestral sobre estabilidade financeira, divulgado ontem. Para o BCE, o que determinará se o progresso nos balanços dos bancos no primeiro trimestre são sustentáveis no decorrer de 2009 será a capacidade de "conter as baixas contábeis e, ao mesmo tempo, avançar na redução dos riscos". O relatório diz que há poucas evidências de que o ritmo de baixas contábeis relacionadas à crise financeira diminuiu, apontando a deterioração do ambiente macroeconômico no primeiro trimestre, o desaquecimento da economia e a perspectiva de mais problemas econômicos para a maior parte dos países da zona do euro. Esses fatores, aliados aos lucros mais baixos, devem pesar nas reservas de capital dos grandes bancos. Embora os níveis de capital dessas instituições cumpram os requisitos mínimos, elas podem precisar levantar recursos para satisfazer as exigências dos investidores, acrescentou o BCE. O relatório aponta ainda que os bancos da zona do euro correm o risco de perder US$ 283 bilhões com a crise até o fim de 2010, principalmente em razão dos prejuízos relacionados a empréstimos. "Essas perdas teriam de ser compensadas por provisões adicionais e pela retenção de lucro ao longo dos próximos dois anos." "Mecanismos mais elaborados para compensar o risco dos títulos e determinar o preço dos empréstimos, assim como cortes de custos e uma reelaboração dos modelos de negócio, podem ser necessários para restaurar a estabilidade do lucro e o crescimento orgânico do capital", afirma o BCE. Para o BC, o setor financeiro deverá enfrentar uma nova rodada de testes, à medida que o calote corporativo, a deterioração do crédito e a queda dos preços dos ativos aumentem o estresse. Os participantes do mercado e responsáveis pela política monetária, continua o texto, devem estar especialmente alertas no período que se segue e não podem se deixar iludir pelas expressivas intervenções estatais de resgate de bancos e seguradoras e de redução das taxas de juros. "Não há espaço para complacência porque os riscos à estabilidade financeira seguem elevados, especialmente porque o ciclo de crédito não atingiu ainda o pior momento." A lucratividade dos grandes bancos da região tem diminuído desde o início do ano e as perspectivas de recuperação iminente não são boas, atesta o relatório. Mais pressão pode se materializar em breve. O documento chama os calotes corporativos de "provável" fonte de estresse adicional, fazendo aumentar as constantes baixas contábeis de ativos e a desalavancagem dos balanços patrimoniais. "A atenção está cada vez mais concentrando-se na dívida corporativa e nas prováveis perdas com empréstimos, que podem se materializar, à medida que a turbulência continua e a economia real enfrenta uma desaceleração significativa." O vice-presidente do BCE, Lucas Papademos, pediu aos bancos europeus que usem opções para fortalecer sua base de capital. DOW JONES NEWSWIRE

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