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BCs do mundo estariam considerando o ''''moral hazard''''?

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Por Redação
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A atual crise dos mercados traz uma novidade: a atuação conjunta de pelo menos seis bancos centrais importantes - Europeu, EUA, Inglaterra, Austrália, Japão e Canadá. E, nesse contexto, destaca-se, mais do que nunca, a questão do "moral hazard", que recomenda que os agentes, principalmente os públicos, norteiem suas decisões baseadas no incentivo à ética e indução ao comportamento responsável dos agentes. "Sob este prisma, é difícil defender a ajuda de bancos centrais", avalia Alexandre Póvoa, da Modal Asset. Afinal, como justificar o fato de que quando o mercado está ganhando os lucros são privados e quando ocorrem perdas o prejuízo é socializado, já que as intervenções dos BCs sempre têm um custo, representando uma espécie de subsídio? Por que motivar os investidores a continuarem não tendo seletividade em suas aplicações? Apesar da relevância dessa discussão, porém, Póvoa considera que o verdadeiro limite deste debate se encontra na influência negativa da crise financeira na economia real. "Com todo o respeito aos defensores legítimos do ?moral hazard?, dificilmente os BCs deixarão de intervir caso se fortaleça a tese de que a atual tensão dos mercados vai se traduzir em recessão econômica daqui a alguns trimestres." Como o efeito riqueza negativo na economia americana - com a queda no preço dos imóveis e das ações - é um fenômeno provável caso os mercados continuem na direção negativa, Póvoa acredita que os BCs mundiais vão tentar, sim, manter a liquidez equilibrada. E, ao que parece, o mundo está apenas iniciando um processo de reprecificação originado no aumento generalizado de aversão a risco, considera o economista. Em um momento em que os prejuízos começam a se espalhar pelos diversos portfólios no mundo, fica difícil defender qualquer ação de gestão baseada em "bons fundamentos brasileiros". "Parece aquela história do sujeito que, para adivinhar a localização do fundo do poço, coloca a mão na trajetória de uma faca que está caindo com a ponta voltada para baixo: a chance de uma mão perfurada é enorme!" IMPRESSÃO DIGITAL No Brasil, os gestores de fundos têm a maior parte de suas aplicações em ativos locais ou em ativos emergentes. "Por aqui, ninguém entrou na ciranda de subprimes", conta o ex-BC Luiz Fernando Figueiredo, resultando em menor impacto da crise. No entanto, Figueiredo, a exemplo de muitos, acredita que não há como avaliar qual será a reprecificação dos ativos. "A situação só ficará mais clara daqui a dois ou três meses, quando vamos saber se o fenômeno financeiro foi tão grande a ponto de realmente afetar o lado real", pondera. Acredita, contudo, que a atuação conjunta dos BCs do mundo não deixará a crise ir muito longe. FOCO O Banque Safdié consolida suas operações no Brasil, onde atua desde 2003. Alterou sua marca no País para Safdié Private Banking e trouxe o novo CEO, Claude le Ber, de Genebra, para conhecer a subsidiária brasileira. Acompanhando Le Ber, Gabriel Safdié, chairman e presidente do conselho do banco, que mora no Panamá. Ambos acreditam que têm muito a crescer por aqui. OUTRO LADO A Associação Nacional dos Consumidores de Energia nega que exista um movimento de volta do ambiente livre para o cativo entre seus associados, conforme publicado pela coluna. Mas tem distribuidora que jura que existe sim. PACOTE A FAVOR O Itaú sai na frente: a partir de hoje, está reduzindo todas as tarifas bancárias dos pacotes de conta corrente, extinguindo tarifas como a dos cheques de valor baixo. E passa a considerar tempo de conta para desconto de tarifas. "Efeito produtividade", comemora o vice Antonio Jacinto Matias. AVISO A Secretaria da Fazenda de São Paulo avisa: empresários inadimplentes não vão poder dizer que não foram informados do Programa de Parcelamento Incentivado de ICMS, que tem prazo de adesão até 30 de setembro. Afinal, a secretaria enviou 1,3 milhão de cartas aos interessados. CATBONDS O mercado financeiro nos últimos anos se tornou tão criativo, na ânsia por rendimentos, que inventou até papéis atrelados a fenômenos naturais, os chamados catástrofe-bonds, criados em meados dos anos 90. Como usá-los? Vai aqui um exemplo: se uma seguradora tem em seu portfólio plantações de laranja na Flórida, ela pode repassar o risco para uma resseguradora a preço fixo ou, então, lançar catbonds, cujo risco será dos investidores. Se nada acontecer, os investidores ganham. Se as plantações forem destruídas por um furacão, perdem tudo. CASSINO Para se ter uma idéia da "alavancagem" dos subprimes, há um ano o mercado "puro" destes papéis era estimado em US$ 600 bilhões. Hoje, ele é de US$ 1,3 trilhão. Isto é, ele duplicou mesmo com gregos, troianos, americanos, turcos, europeus, japoneses e marcianos acreditando que não ia dar certo. E se contarmos com os "filhotes" destes títulos, como os CDOs, SIVs, CP Conduits, DPCs...

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