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Bear Stearns corta recomendação a ações do Brasil por causa de Lula

Para o estrategista-chefe do banco, eleição de Lula provocará queda de 35% nas ações brasileiras, alta do dólar para R$ 4,25 e da taxa de risco Brasil para 2.250 pontos-base.

Por Agencia Estado
Atualização:

O banco de investimentos Bear Stearns rebaixou a recomendação para a Bovespa de "neutral" para "underweight" (peso abaixo da média), citando como motivo o forte crescimento de Lula nas pesquisas eleitorais. "Há um potencial de baixa no preço das ações brasileiras de 35% em relação aos níveis atuais se Lula vencer as eleições presidenciais, seja no primeiro ou no segundo turno", disse o estrategista-chefe de bolsas para mercados emergentes do Bear Stearns, Thierry Wizman, à Agência Estado; o dólar iria para R$ 4,25 e a taxa de risco Brasil subiria a 2.250 pontos-base. "Recai sobre Lula o ônus da prova, mostrando aos investidores que ele está comprometido com reformas estruturais. Se ele não fizer esse compromisso, os investidores não vão dar o apoio ao Brasil no médio e longo prazos", explicou Wizman. Até o primeiro turno das eleições, em 6 de outubro, Wizman prevê forte volatilidade na Bovespa. "Se Serra conseguir se recuperar e ir para o segundo turno, a Bovespa poderá registrar uma recuperação", afirmou o estrategista da Bear Stearns. Thierry Wizman prevê que o potencial de alta no curto prazo da Bovespa é de 45% numa eventual vitória de José Serra nas eleições presidenciais. Nesse caso, o C-Bond teria seu preço elevado para 68 centavos de dólar. Mas, mesmo no caso de uma vitória de Serra, Wizman disse que o potencial de alta no curto prazo poderá ser limitado se ficar visível que ele enfrentará como presidente obstáculos para aprovar tais reformas necessárias. "Esses ganhos, em caso de vitória de Serra, não se prolongariam muito após as eleições se ficar evidente os obstáculos políticos para aprovação das reformas", afirmou. Wizman considera que, se Serra conseguir vencer as eleições presidenciais, seu mandato seria relativamente fraco, com o Congresso tendendo marginalmente para a esquerda, o que tornaria a tarefa de Serra de realizar reformas mais difícil do que enfrentou o governo de Fernando Henrique Cardoso. "Principalmente agora que tais reformas são mais vitais para a economia brasileira", afirmou. Para o estrategista, apesar da queda recente do mercado, os investidores poderão ainda ter uma visão mais benigna de Lula, baseando-se no discurso dele mais moderado e também numa crença errônea de que as tendências populistas de Lula poderão ser facilmente contidas pelo Congresso. Wizman se disse surpreso com o rápido crescimento de Lula nas últimas pesquisas e com o fato de José Serra ter emperrado, tornando uma possibilidade de vitória do Lula mais convincente. Nos cálculos de Wizman, as chances de Serra vencer as eleições são de, aproximadamente, 30%. O Bear Stearns havia elevado a recomendação para a Bovespa no dia 8 de agosto de "underweight" (peso abaixo da média) para "marketweight" (peso na média do mercado). Agora, com essa nova perspectiva de vitória do candidato do PT, o banco decidiu reverter a recomendação.

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