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Belluzzo critica ação do governo na Petrobrás

Para ex-secretário de Política Econômica, política de intervenção ajudou a deflagrar pessimismo de investidores internacionais com o Brasil

Por Ricardo Leopoldo
Atualização:

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo disse ontem que a política de intervenção de preços do governo sobre a Petrobrás foi um dos principais fatores que deflagraram o pessimismo de investidores internacionais com o Brasil. "Atraso com o reajuste dos combustíveis foi fatal para isso." Para Belluzzo, um outro elemento importante que piorou a percepção dos mercados em relação ao País foi a decisão da administração Dilma Rousseff de estipular limites baixos na Taxa Interna de Retorno (TIR) para projetos de concessões públicas em infraestrutura. "Isso foi um equívoco e falei para o ex-presidente Lula sobre isso", disse. Ele fez os comentários durante debate em evento promovido pela revista Carta Capital. Belluzzo substituiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que precisou viajar para Brasília na manhã de ontem.Com base em dados enviados pelo ministro da Fazenda, Belluzzo destacou que os investimentos registraram um crescimento médio de 5,7% de 2003 a 2012. No mesmo período, segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um aumento médio de 3,6% ao ano, enquanto o consumo exibiu uma alta média de 8,6%. "Nesse horizonte de tempo, ocorreu um aumento de 28% da renda per capita no País", afirmou.Em relação ao comportamento da inflação, Belluzzo disse que ela tem apresentado um patamar histórico, nos últimos anos, ao redor de 5,9%, marca registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2013. "Um dos principais fatores que geram essa rigidez da inflação, que não consegue ficar menor do que esse nível, é devido à indexação na economia", comentou. "E isso reduz a eficácia da política monetária." Para Belluzzo, muitos "entendidos" em economia no Brasil avaliam que o tripé macroeconômico se tornou uma espécie de dogma, uma política indiscutível. "A defesa do tripé virou um fetiche", destacou. Belluzzo também destacou que o potencial de expansão do País em médio e longo prazos indica que os preços de ações de grandes empresas no Brasil estão baixos e são atraentes. "Se eu tivesse dinheiro, compraria títulos na bolsa da Petrobrás e da Vale", destacou. Segundo ele, a queda do valor de mercado das duas empresas nos últimos anos precisa ser avaliada com mais profundidade, pois é preciso ponderar que tais companhias possuem um cenário muito favorável anos adiante."A produção de barris de petróleo da Petrobrás deve chegar a 4,2 milhões por dia em 2020. Isso é bastante. Está certo que a empresa precisaria ter um pouco mais de sangue (nas veias) para poder investir."Em entrevista recente ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, Belluzzo disse que é necessário uma correção da política de preços da Petrobrás por parte do governo, pois isso está prejudicando o caixa da estatal e sua capacidade de atender seu programa de investimentos. Futuro. O ex-secretário de Política Econômica destacou ainda que a reforma tributária deveria ser uma prioridade do próximo presidente da República, em 2015, pois é fundamental para "destravar" os investimentos no País. "O Brasil tem vários problemas institucionais, como o sistema tributário, que é um desestímulo para ampliar a Formação Bruta de Capital Fixo." Ele lembrou que a última reforma tributária no Brasil foi feita em 1967, pelo regime militar.

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