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Belo Monte poderá enfrentar nova greve de operários

Por FÁTIMA LESSA
Atualização:

O movimento grevista nos canteiros de obras da Usina Belo Monte na região de Altamira do Pará pode ser retomado a qualquer hora. Pelo menos é o que garantem as lideranças dos trabalhadores, que não estariam aceitando a posição do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM). "Eles não estão cumprindo ainda o que foi acertado nos acordos anteriores", disse um trabalhador que preferiu não se identificar. A assessoria do CCBM informou que não há possibilidade de o movimento ser deflagrado, porque os trabalhadores estão sendo atendidos em suas reivindicações. Os trabalhadores realizaram reunião esta noite.O Movimento Xingu Vivo para Sempre denunciou esta semana que o CCBM teria demitido pelo menos 60 operários que participaram da última greve, que paralisou a obra por sete dias. Segundo o movimento, uma liderança grevista foi demitida e agredida por um segurança privado do consórcio. Outro, que aparecera em vídeo participando da greve em gravações internas feitas pela empresa, foi demitido e, posteriormente, preso sem explicação pela Polícia Militar - conforme os trabalhadores, chamada pelo consórcio, enquanto dormia em um dos alojamentos do CCBM.Para a assessoria do CCBM, o que o Xingu Vivo chama de demissões por retaliação, seria, na verdade, "um movimento natural em obras de grande porte: todos os dias, trabalhadores são dispensados e outros contratados". No caso do CCBM, prosseguiu a assessoria, o número de contratações supera, em grande volume, o número de demissões. "Até porque existem cerca de 7 mil funcionários diretos, e teremos aproximadamente 21 mil já no próximo ano."Conforme a assessoria do consórcio, o Xingu Vivo para Sempre sobrevive da divulgação de informações mentirosas e fantasiosas. Relata agressões que não ocorreram, retaliações que não existiram. Por exemplo, tentou divulgar uma "greve geral" que contou com a adesão de menos de mil trabalhadores - de um universo de 7 mil.Na última terça-feira, o CCBM esteve, pela segunda vez, reunido com uma comissão de trabalhadores, o Sindicato, e um representante do Ministério Público do Trabalho para discutir os últimos itens da pauta de negociações dos trabalhadores: o aumento da cesta básica e a redução no período de baixa. O sindicato ouviu as propostas do CCBM e se comprometeu a fazer assembleias em pelo menos quatro das cinco frentes de obras (Unidade Porto e Acessos; Sítio Canais e Diques; Sítio Pimental; e Sítio Belo Monte). Na primeira reunião, que aconteceu na segunda-feira, ficaram decididas a instalação do Sindicato nos canteiros de obras; melhorias nas condições de transporte aos canteiros e no sistema de pagamento de salários; disponibilidade de sinal de telefonia celular nos canteiros. Ficou resolvido ainda que o CCBM avaliará, pontualmente, a equiparação salarial.No início das obras, existiam apenas os funcionários do corporativo escritórios), baseados na cidade de Altamira. Atualmente, dez meses desde o início, são cerca de 7 mil diretos e outros 2 mil de subcontratadas.

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