PUBLICIDADE

Publicidade

Beneficiada por corte de IPI, GM pode demitir 1,5 mil

Corte dos trabalhadores viria do fim da linha de montagem na fábrica do Vale do Paraíba dos modelos Corsa, Classic e Meriva

Por e Gerson Monteiro
Atualização:

A General Motors pode anunciar hoje ou até o fim do mês o fechamento da linha de montagem dos modelos Corsa, Classic e Meriva na fábrica de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, e a possível demissão de 1,5 mil trabalhadores. A decisão deve ocorrer num momento em que a indústria automobilística é beneficiada por incentivos fiscais, concedidos pelo governo federal para ajudar o setor a recuperar vendas e manter o nível de emprego.

 

PUBLICIDADE

Ontem, a empresa decidiu fechar toda a fábrica e manter em licença remunerada os 7,5 mil empregados, ação vista pelo Sindicato dos Metalúrgicos como locaute. Foram colocadas barreiras impedindo a passagem. A GM informou que a medida foi para "proteger a integridade física dos colaboradores" enquanto negocia com os representantes sindicais a viabilidade de uma das fábricas do complexo, que tem ao todo oito unidades.

 

Hoje haverá reunião entre a GM, o sindicato, a Prefeitura e o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo, na tentativa de se encontrar uma solução para a unidade, que produz modelos defasados.

 

O Ministério da Fazenda, que aprovou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor no fim de maio, não quis comentar o tema.

Uma das razões da dispensa de ontem seria o receio de uma ocupação da fábrica, a exemplo do que ocorreu em 1985. O Sindicato dos Metalúrgicos negou a informação. "Em nenhum momento pensamos nisso", disse o dirigente Luiz Carlos Prates.

 

"O setor não vive crise, há uma expectativa de venda maior que no ano passado", ressaltou Antonio Ferreira de Barros, presidente do sindicato, que é ligado à central Conlutas. "É inaceitável que a empresa receba dinheiro do governo federal e demita."

 

A expectativa de Barros é que a fábrica permaneça fechada até segunda-feira. "A empresa deixa de faturar R$ 30 milhões por dia com a produção parada", informou o sindicalista. No encontro de hoje, ele vai propor a transferência de toda a produção do Classic (feito também nas fábricas de São Caetano do Sul e na Argentina) para São José, medida que não demandaria investimento nem demissões.

Publicidade

 

Silêncio. O clima ao redor da fábrica era tenso ontem. Poucos funcionários quiseram dar declarações, ainda assim sem revelar nomes. "Estamos todos amedrontados com a possibilidade de demissão, tenho dez anos de GM", disse um funcionário.

 

"Vivemos os últimos dias na ansiedade e agonia, é muita pressão da chefia dizendo que vai fechar", comentou outro do setor de pintura. Metalúrgicos roendo unhas, expressões de aflição e nervosismo foi o cenário da assembleia ontem à tarde no sindicato, que contou com no máximo 100 pessoas./ COLABORARAM CÉLIA FROUFE e RENATA VERÍSSIMO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.