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Benefícios ajudam pequena empresa a reter talentos

Por Ligia Aguilhar
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Manter uma equipe comprometida com a obtenção dos objetivos custa menos do que o empresário imaginaDiego Torres, de 28 anos, é um típico representante da Geração Y. Há seis anos, decidido a tornar-se presidente de uma grande corporação, ele percebeu que o caminho mais rápido seria abrir a própria empresa. E melhor ainda se ela tivesse crescimento acelerado e se transformasse em uma das dez melhores para se trabalhar em todo o País. Assim nasceu, em 2007, a Acesso Digital, que fornece soluções para a digitalização de documentos. Inspirado nas grandes corporações norte-americanas de internet e tecnologia, como o Google, Torres desenvolveu junto com o empreendimento uma política de benefícios tão agressiva quanto suas metas. Em troca de resultados, o empreendedor não mede esforços e se dispõe a pagar, até mesmo, as férias dos funcionários no exterior.No ano passado, quando a Acesso Digital dobrou seu faturamento em seis meses e chegou a uma receita de R$ 7 milhões, o empresário premiou seus 54 funcionários - da faxineira aos diretores - com uma viagem para Los Angeles e Las Vegas, nos Estados Unidos. Neste ano, caso a equipe alcance em dezembro o novo faturamento proposto, de R$ 18 milhões, todos vão passar uma semana em Miami.Torres garante que esse tipo de benefício pode ser oferecido sem prejuízos mesmo por uma pequena empresa. E que os resultados compensam o investimento. Quer um exemplo? Só três pessoas pediram demissão até hoje. E por causa da viagem, dia desses, o empreendedor flagrou até a copeira cobrando as metas da equipe de vendas. "As pessoas se motivam quando desafiadas", explica o empreendedor. Além das viagens, a Acesso Digital oferece horários flexíveis de trabalho, bônus em dinheiro e área para a prática de esportes. As funcionárias ainda contam com serviço de manicure enquanto os homens ganham sessões de kart uma vez por semana. Há ainda salas de lazer e uma locadora de filmes. A cada semestre três pessoas iniciam um curso de inglês, com 18 meses de duração, totalmente subsidiado pela empresa. Ao término dos estudos, os funcionários ganham um intercâmbio nos Estados Unidos.O resultado de tudo isso é que além de alcançar as metas, o empreendimento figurou na lista de melhores para trabalhar em apenas quatro anos de vida. Em julho, foi eleita pela Great Place to Work Institute - entidade que faz essa medição - como a 3ª melhor empresa nos setores de Tecnologia da Informação e Telecom no Brasil. No quesito qualidade de vida, ficou em primeiro, na frente do próprio Google.Torres estima que todos os investimentos correspondam a apenas 3% do faturamento do seu negócio. E que cabem no bolso até de empresas com baixo orçamento. Um dos primeiros prêmios que ele ofereceu para sua equipe, por exemplo, foi uma rodada de 200 chopes, pagos pela empresa, quando foram conquistados 200 novos clientes em apenas um mês. "Essa ação me custou apenas R$ 700 reais e gerou uma repercussão imensa." EstratégiasA professora do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento (ProCED/FIA), Dariane Castanheira, afirma que deixar os objetivos da empresa claros e reverter os resultados em bonificação financeira funcionam melhor na retenção de talentos do que altos salários. "O gestor de pequenos negócios costuma mudar de ideia toda hora e deixa o funcionário desconfortável", explica. "As pessoas gostam mais quando sabem onde têm que chegar e percebem o resultado de suas ações no bolso." Já o professor do Insper, Gazi Islam, diz que mais importante do que o dinheiro é o engajamento das pessoas e a clareza sobre as reais possibilidades de crescimento da equipe na empresa. "Se os funcionários encontram sentido no trabalho que fazem, valorizam mais o emprego." Mas não basta oferecer um prêmio. É preciso demonstrar sinceridade no reconhecimento do time. "Em uma pequena empresa isso é mais fácil de ser feito, afinal, o gestor tem contato direto com a equipe", afirma o professor.

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