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Berlusconi recebe nova chance para reerguer economia da Itália

Por GAVIN JONES
Atualização:

Os resultados preliminares de segunda-feira apontam para vitória eleitoral mais expressiva que o previsto para magnata conservador Silvio Berlusconi, que recebe, assim, um sólido mandato para tentar recuperar a economia da Itália. As projeções dos institutos de pesquisa dão a Berlusconi, de 71 anos, uma vantagem de cerca de 9 pontos percentuais sobre o centro-esquerdista Walter Veltroni, e uma clara maioria na Câmara e no Senado. Berlusconi já governou a Itália em duas ocasiões. O resultado contradiz as pesquisas que indicavam uma vitória apertada de Berlusconi e um equilíbrio no Parlamento que poderia levar a crises. "Essas projeções colocam Berlusconi firmemente à frente, o que aumenta as chances de um governo forte", disse Luigi Speranza, analista do BNP Paribas. "Essa é uma boa notícia para a economia, então seria um resultado mais favorável para os mercados do que o cenário de instabilidade que estava escrito nas pesquisas de boca-de-urna." Ao contrário da maior parte dos países da zona do euro, que mostra uma relativa resistência à crise internacional, a Itália está à beira da recessão, depois de uma década com indicadores abaixo da média dos seus principais parceiros. O governo de Romano Prodi, de centro-esquerda, reduziu em março a previsão de crescimento de 1,5 para 0,6 por cento, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) acha que a taxa será apenas metade disso. Os analistas em geral concordam que um impasse político seria o pior cenário, mas alguns duvidam da capacidade de recuperação econômica de um novo governo Berlusconi. "Seu último governo, de 2001 a 2006, ficou aquém de todas as suas promessas e fez pouco em termos de reformas econômicas apesar de ter tido uma maioria confortável em ambas as Casa [do Parlamento]", disse Susan Garcia, do Deutsche Bank. "E na época ele tinha um programa mais claro, mais ambicioso, do que agora, e um ambiente econômico internacional mais favorável." Berlusconi voltará a governar em coalizão com a Aliança Nacional (direita) e a Liga Norte (populista), que segundo analistas tendem a resistir às reformas mais urgentes. "Acho que o verdadeiro problema de Berlusconi será manter sua coalizão unida", disse Gian Enrico Rusconi, professor de Política da Universidade de Turim. "A Liga Norte é um partido protecionista. A Aliança Nacional é um partido protecionista. Não acho que Berlusconi será capaz de impor as reformas que a Itália precisa." Berlusconi já anunciou que seu ministro da Economia será novamente Giulio Tremonti, em cujo mandato houve uma forte piora das contas públicas, além de uma série de anistias para sonegadores. Ele receberá um déficit público crescente e uma economia em degradação, o que lhe dará pouca margem para cortes tributários, uma das medidas prometidas na campanha eleitoral. Os analistas lembram que os problemas econômicos da Itália vão muito além da atual crise global, pois incluem também alto desemprego, baixa produtividade e a terceira maior divida pública do mundo em termos absolutos. "Se Berlusconi obtiver uma vitória clara, como essas projeções sugerem, vamos pelo menos ter um governo, e esse é um resultado melhor para a economia do que a incerteza de um Parlamento dividido", disse Silvia Pepino, do JP Morgan. "Mas os problemas econômicos da Itália são muito antigos e arraigados, e é difícil ver quaisquer progressos em curto prazo, qualquer que seja o resultado da eleição."

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