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Bernanke apóia estímulo fiscal nos EUA se for rápido

Por GLENN SOMERVILLE
Atualização:

O chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, deu suporte nesta quinta-feira aos esforços para trabalhar em um pacote de estímulo econômico e repetiu que o banco central norte-americano está pronto para agir agressivamente para combater os riscos de recessão. "A ação fiscal pode ajudar em princípio, já que juntos os estímulos fiscal e monetário podem dar suporte mais amplo para a economia do que ações monetárias sozinhas", disse Bernanke ao Comitê Orçamentário da Câmara dos Deputados dos EUA. Mas ele detalhou que é "criticamente importante" que as medidas fiscais sejam tomadas rapidamente e tenham impacto máximo dentro de 12 meses. Qualquer outro efeito pode prejudicar mais do que ajudar, alertou Bernanke. O governo Bush e os congressistas começaram a estudar quais passos podem ser adequados para estimular a economia, que muitos temem estar perto de uma recessão. Depois do início dos questionamentos, Bernanke disse não esperar uma recessão neste ano, mas previu crescimento lento neste ano e em 2009. O presidente George W. Bush, de volta de uma viagem do Oriente Médio, deve fazer uma conferência por telefone sobre as propostas para estimular a economia na tarde desta quinta-feira, com líderes democratas e republicanos no Congresso. "Eu acho que o presidente acredita que em curto prazo é preciso lidar com esse arrefecimento na economia, que algum estímulo é necessário", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, dando as primeiras indicações explícitas de que o governo vai propor um plano. Os congressistas já começaram a discutir idéias e líderes de ambos os partidos prometeram trabalhar para desenvolver um pacote conjuntamente, depois de uma reunião na quarta-feira. Bernanke disse que, enquanto o estímulo fiscal poderia agregar taxas de juros mais baixas para dar ânimo à economia, é essencial não comprometer a disciplina fiscal de longo prazo e que é um perigo se movimentar devagar demais. "O estímulo que vem tarde demais não vai ajudar a dar sustentação à atividade econômica em curto prazo e pode ser ativamente desestabilizador se vier em um momento no qual o crescimento já está melhorando", disse ele, acrescentando que o pacote deveria ser "explicitamente temporário". PERSPECTIVAS FRACAS Bernanke repetiu que uma avaliação fraca para a saúde da economia feita por ele na semana passada foi amplamente vista como um sinal de que o banco central dos EUA cortaria as taxas de juros em 0,50 ponto percentual no fim deste mês. "Recentemente, as informações que chegaram sugeriram que as perspectivas básicas para a atividade real em 2008 pioraram e que os riscos de queda para o crescimento se tornaram mais pronunciados", alertou Bernanke. "Nós seguimos prontos para tomar ações adicionais fortes como for necessário para dar suporte ao crescimento e dar garantias adequadas contra os riscos de queda", afirmou. O banco central dos EUA já reduziu a taxa de juros em 1 ponto percentual, para 4,25 por cento desde meados de setembro. Os formuladores de política monetária do Fed se reúnem em 29 e 30 de janeiro. A visão mais sombria do Fed sobre a economia e uma grande queda em um indicador de atividade na indústria no Meio-Atlântico norte-americano derrubou as bolsas de valores e o preço do dólar, enquanto impulsionou os títulos de dívida devido às previsões de taxas de juros menores. Bernanke lembrou que os mercados financeiros de todo o mundo estão sob estresse desde meados do ano passado, em grande parte por causa dos problemas no financiamento imobiliário de alto risco nos EUA. Para ele, se as hipotecas desse tipo, as chamadas subprime, que atualmente estão no vermelho forem executadas, isso implicaria perdas de 100 bilhões de dólares. Bernanke disse que as expectativas de inflação estavam "razoavelmente bem ancoradas" até agora e previu que o núcleo da inflação --que exclui itens de energia e alimentação-- poderiam cair neste ano e no próximo contanto que as pessoas continuem convencidas do compromisso do Fed de lutar contra qualquer espiral inflacionária.

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