PUBLICIDADE

Publicidade

Bernanke descarta estagflação nos Estados Unidos

Presidente do Fed reconhece que desafios econômicos são grandes, mas não vê cenário como o dos anos 70

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, negou ontem que a mescla atual de crescimento lento e aumento da inflação se assemelhe às condições do país nos anos 70, classificadas pelos analistas de estagflação. ''''Não prevejo estagflação'''', disse Bernanke, em resposta a questões de parlamentares durante audiência no Comitê de Bancos do Senado, onde ele apresentou a segunda parte de seu depoimento semestral ao Congresso. Bernanke disse que os Estados Unidos devem voltar ao crescimento forte e à baixa inflação nos próximos anos e observou que a mistura de estímulo fiscal e monetário deve dar combustível ao crescimento na segunda metade deste ano. Ele também afirmou que, embora a cotação do petróleo esteja batendo recordes, o combustível deve reduzir as pressões sobre os preços ao longo do ano. Bernanke comentou que há algumas diferenças entre a atual desaceleração econômica e a mais recente, em 2001, que tornam mais difícil para a autoridade monetária responder aos eventos de hoje. ''''Cada período de estresse econômico tem circunstâncias únicas'''', disse o presidente do Fed. A correção no setor de moradias, na avaliação dele, cria ''''uma série mais ampla de questões'''' do que o estouro da bolha de tecnologia no início da década. Os EUA também têm uma situação fiscal ''''menos vantajosa'''' do que naquela época, quando o governo tinha superávit, disse Bernanke, e o dólar se enfraqueceu. Embora haja mais pressões inflacionárias do que durante a desaceleração anterior, Bernanke disse que as expectativas da inflação continuam ''''bastante estáveis''''. Apesar do relativo otimismo de Bernanke, analistas avaliam que a situação da economia americana é realmente complicada. ''''É muito elevado o risco de recessão'''', advertiu o economista-chefe do Nomura Securities, David Resler. Os principais riscos, disse, concentram-se na possibilidade de o pacote fiscal não trazer um forte estímulo aos gastos com consumo e, em paralelo, haja deterioração do nível de emprego. O economista-sênior do Bank of America, Peter Kretzmer, disse que o Fed está em uma ''''posição muito difícil'''' diante da elevação da inflação e alertou que há risco de a autoridade sair com a credibilidade chamuscada se os indicadores de inflação permanecerem elevados por um longo período. No entanto, o analista observou que ''''Bernanke reafirmou esperar que a inflação tenha moderação à frente''''. Nesse sentido, ponderou, o Fed deve comunicar melhor essa percepção. A expectativa de grande parte dos analistas é de que a advertência sobre os riscos para o crescimento sejam reforçadas no comunicado da reunião do Fed de 18 de março. Para o analista Joseph La Vorgna, do Deutsche Bank, ''''o Fed deve advertir sobre os riscos''''. Ele prevê que o juro, hoje em 3% ao ano, deve cair para 2,5%. AGÊNCIAS INTERNACIONAIS COM NALU FERNANDES

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.