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Bernanke: recuperação dos EUA tem sido lenta

Por Andreia Lago
Atualização:

O mercado de trabalho continua longe de estar saudável, disse o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, em discurso nesta terça-feira para evento no Clube Econômico de Nova York, num sinal de que o banco central provavelmente ainda não está preparado para reduzir a escala dos seus programas de compra de ativos. Além disso, o presidente do Fed afirmou que o banco central quer estar seguro em relação à recuperação da economia antes de começar a remover os estímulos adotados até agora.A taxa de desemprego vem caindo gradualmente nos Estados Unidos, mas continua bem acima do seu nível sustentável de longo prazo, disse Bernanke. "Ainda temos algum caminho pela frente antes que o mercado de trabalho possa ser chamado de saudável novamente", afirmou.Na sua avaliação sobre a economia americana, ele reconheceu que o ritmo da recuperação tem sido mais lento do que o esperado e que a crise reduziu o crescimento potencial dos EUA. Bernanke afirmou que a taxa de desemprego, atualmente em 7,9%, pode estar de 2 a 2,5 pontos porcentuais acima do seu nível sustentável de longo prazo, mas acrescentou que a fraqueza no mercado de trabalho americano está mais relacionada à demanda, e que não é estrutural. Ele também previu que a inflação continuará abaixo da meta de 2% por vários anos. "No geral, a inflação está sob controle, a expectativa é de estabilidade", afirmou. Bernanke disse ainda que o mercado imobiliário está se recuperando, mas ressalvou que as melhorias serão modestas e que alguns fatores ainda restringem a recuperação, incluindo a contínua fraqueza nos empréstimos bancários.Sobre as perspectivas para a política monetária, Bernanke afirmou que "o Fed quer estar seguro de que a recuperação está estabelecida antes de começar a normalizar sua política". Ele explicou ainda que a promessa do Fed de manter os juros extremamente baixos até meados de 2015 não significa uma previsão pessimista. Para ele, a política monetária vem sendo capaz de anular os obstáculos à economia dos EUA.Bernanke não sinalizou o que o Fed deverá fazer após a Operação Twist acabar, no próximo mês. Em setembro, ele afirmou que o Fed avaliaria todos os seus programas de compras de bônus quando a Operação Twist chegasse ao fim, em dezembro. Alguns economistas esperam que o Fed comece a comprar Treasuries com dinheiro novo, o que aumentaria o tamanho do seu portfólio de ativos. O Fed também poderia deixar que a Operação Twist acabasse sem substituí-la por outras medidas. A próxima reunião de política monetária do Fed está marcada para os dias 11 e 12 de dezembro.O presidente do Fed disse nesta terça-feira que ainda é muito cedo para afirmar quão eficaz tem sido a terceira rodada de compra de ativos, mas observou que os yields dos bônus corporativos e dos ativos lastreados em hipotecas (MBS, na sigla em inglês) "caíram significativamente" desde que o banco central anunciou o terceiro programa, em 13 de setembro. Além disso, uma pesquisa sugere que os esforços anteriores do Fed para comprar ativos "aliviaram as condições financeiras em geral e forneceram suporte significativo à recuperação econômica nos últimos anos", disse ele.Sobre as incertezas relacionadas à negociação de um acordo político que evite a implementação automática de cortes de gastos e aumentos de impostos em janeiro de 2013, caracterizando o que o próprio Bernanke chamou de "abismo fiscal" há alguns meses, o presidente do Fed enfatizou que os parlamentares precisam encontrar formas de colocar o orçamento dos EUA numa trajetória sustentável e alertou que a economia poderá mergulhar numa recessão se as autoridades não encontrarem uma forma de evitar o abismo fiscal. "Evitar uma súbita e severa contração na política fiscal no começo do próximo ano vai dar suporte à transição da economia de volta ao pleno emprego; uma economia mais forte irá, por sua vez, reduzir o déficit e contribuir para alcançar a sustentabilidade fiscal no longo prazo", defendeu Bernanke. O presidente do Fed expressou otimismo com a perspectiva de que um plano para restaurar a estabilidade fiscal no longo prazo possa impulsionar a economia americana em 2013, mas também alertou o Congresso que um novo impasse entre os políticos para elevar o teto da dívida, como ocorreu no verão de 2011, poderia ser prejudicial para a economia. "Um fracasso em alcançar um acordo no prazo adequado desta vez poderia impor custos financeiros e econômicos ainda mais pesados", alertou. As informações são da Dow Jones.

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