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Bernanke sinaliza corte de juro e preocupação com estagflação

Em discurso nesta quinta, presidente do Federal Reserve afirma que 'riscos de baixa do crescimento continuam'

Por Regina Cardeal e da Agência Estado
Atualização:

O presidente do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve), Ben Bernanke, repetiu mais uma vez nesta quinta-feira, 28, que os juros podem cair mais. Ressaltando os riscos nos mercados de moradia, trabalho e crédito, Bernanke se mostrou preocupado com uma cenário de estagflação, que mistura crescimento fraco e aumento dos preços. "É importante reconhecer que os riscos de baixa do crescimento continuam", disse aos membros do Comitê de Bancos do Senado no seu depoimento semestral sobre o estado da economia e a política monetária.   Bernanke observou, porém, que as elevações recentes da inflação devem ser temporárias, o que daria aos formuladores da política monetária espaço para reagir à debilidade do crescimento econômico e ao estresse nos mercados financeiros.   "A política monetária precisa olhar para a frente", afirmou Bernanke em resposta a perguntas dos integrantes do comitê. Ele acrescentou que embora a inflação deva moderar-se para uma taxa "próxima da estabilidade de preços" em 2008 e em 2009, desde que os preços da energia se estabilizem, as expectativas quanto à inflação são a chave para esse cenário, e é necessário acompanhá-las com cuidado. "Se as expectativas de inflação crescerem e isso levar a uma espiral de preços e salários, isso seria mais preocupante", afirmou.   Indagado sobre se o declínio do dólar torna mais difícil para o Fed reduzir as taxas de juro em reação ao crescimento econômico fraco, Bernanke disse que o melhor que os formuladores da política monetária podem fazer é assegurar que os EUA continuem na via do crescimento estável no médio prazo. Ele acrescentou que os EUA continuam a atrair capital estrangeiro para ativos em dólar, e que isso deverá continuar.   Confiança   Ele afirmou ainda que não há sinais de que os investidores estrangeiros tenham perdido a confiança nos EUA, especialmente nos instrumentos da dívida pública norte-americana. "Os títulos do Tesouro dos EUA ainda são os ativos mais seguros, mais líquidos e mais desejados do mundo", disse, ao responder a perguntas dos integrantes do Comitê de Bancos do Senado norte-americano.   Questionado pelo presidente do comitê, o senador Chris Dodd (Partido Democrata/Connecticut) sobre se está preocupado com a possibilidade de commodities como o petróleo virem a ser eventualmente precificadas em outras moedas que não o dólar, e se isso não seria um voto de desconfiança no dólar, o presidente do Fed disse não saber de planos para que isso aconteça, mas que, se isso ocorrer, será um fato "meramente simbólico" e de "importância secundária" do ponto de vista da disposição dos investidores estrangeiros de manter ativos em dólar.   Bernanke também reafirmou seu apoio ao papel dos fundos soberanos nos mercados financeiros, desde que os investimentos desses fundos sejam feitos por razões econômicas, e não políticas.

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