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Bernardo: arrecadação de maio ficou abaixo do projetado

Por Fabio Graner
Atualização:

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou hoje que a arrecadação de maio, que mostrou queda real (descontada a inflação) de 14% ante abril e somou R$ 49,83 bilhões, surpreendeu negativamente, ficando R$ 3 bilhões abaixo do previsto. Por conta disso, ele considera que deverão ser necessários ajustes nas despesas federais. "Nós vamos ter de equilibrar as contas do Orçamento. É provável que tenhamos que fazer ajustes. Se diminui receitas, tem de diminuir as despesas", afirmou o ministro, durante a cerimônia de entrega do IV Prêmio DEST (Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais). Bernardo lembrou que a queda na arrecadação reflete a menor atividade econômica do País e as desonerações realizadas pelo governo.Em 2009, segundo ele, as receitas estão R$ 63 bilhões abaixo do previsto no Orçamento do ano, sendo cerca de R$ 60 bilhões até abril, quando o governo anunciou a redução da meta de superávit primário (economia que o governo faz para pagamento de juros da dívida). Bernardo não quis dizer onde poderão ser feitos os cortes, mas disse que tudo está em análise, inclusive o reajuste dos servidores públicos, previsto para entrar em vigor no início de julho. O ministro afirmou que até a semana que vem deve haver alguma definição sobre os ajustes nas despesas. Em relação às desonerações, que o governo estuda se vai renovar ou não, ele destacou que o espaço para isso está chegando ao limite.Bernardo evitou falar sobre a possibilidade de o governo sacar os recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB) ainda este ano e lembrou que o governo decidiu que não utilizaria os recursos em 2009. O ministro disse que não há contradição entre falar em cortar gastos e o discurso sobre a importância do papel do Estado na economia. "Não há contradição. O papel do Estado é fundamental, mas isto não significa dizer que vamos desarrumar as nossas contas. Até porque, para o Estado poder atuar, é preciso ter contas equilibradas", afirmou. CriseO ministro afirmou ainda que a crise econômica no Brasil, aparentemente, será mais curta do que se comparada com países como os Estados Unidos. Bernardo disse que o País entrou mais tarde na crise internacional e já há sinais de recuperação. O ministro afirmou que, nesse período de dificuldades econômicas, em que a arrecadação está sendo impactada negativamente, é importante que se invista na melhoria da gestão dos recursos públicos. "É preciso fazer mais, com menos recursos", afirmou. O ministro afirmou que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano mostrou que o Brasil está em melhores condições para enfrentar a crise. Segundo ele, o desempenho da economia brasileira no período entre janeiro e março de 2009 foi sustentado pelo consumo das famílias, que reflete as medidas de distribuição de renda adotadas pelo governo nos últimos anos. "Hoje, a gente vê a importância disso. A demanda na população de baixa renda segue firme", disse. Bernardo ressaltou a importância do papel do Estado na economia e apontou como principal preocupação neste momento a recuperação dos investimentos. Segundo ele, o governo tem atuado por meio de seus bancos públicos para que a taxa de investimento do setor privado seja retomada, já que o setor público manteve seu ritmo de investimentos. O ministro avaliou que algumas empresas talvez tenham se precipitado na redução dos investimentos. Apesar de ter reconhecido o impacto forte da crise no Brasil nos últimos meses, o ministro afirmou que ela não interferiu no processo de desenvolvimento do País. "Comparativamente, é provável que o Brasil sairá melhor do que outros países dessa crise", afirmou.

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