
09 de junho de 2009 | 11h48
Conforme o ministro, o resultado do PIB no primeiro trimestre, menos negativo do que as projeções do mercado, reflete as políticas fiscal e monetária adotadas pelo governo.
O ministro considerou que o resultado da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, que se refere aos investimentos em produção) no primeiro trimestre de 2009, que registrou queda de 12,6% em relação ao quarto trimestre de 2008, foi o pior indicador divulgado hoje pelo IBGE. "É uma queda muito violenta. Nós tivemos um crescimento do investimento de 14% em 2008. Então, é uma reversão ruim, bem negativa."
Bernardo lembrou, porém, que já está havendo a retomada dos investimentos em alguns setores produtivos, como a construção civil e a indústria automotiva, e que isso acontecerá em outros. Para ele, há também uma recuperação no agronegócio e no mercado de trabalho. O ministro avaliou ainda que está ocorrendo também uma recuperação do crédito, puxada pelos bancos públicos. "Os bancos públicos puxaram o crédito para um patamar maior (do que aquele) que tínhamos em setembro", disse.
Otimismo
Bernardo afirmou que o Brasil foi atingido pela crise muito mais tarde do que outros países e agora vai sair dela com mais rapidez. "Há um convencimento no governo de que o segundo trimestre vai ter resultado positivo em relação ao primeiro trimestre e o melhor é que vamos acelerar nos dois trimestre posteriores e chegar no fim do ano em um ritmo bem melhor de crescimento", disse.
O ministro disse que não tem garantias de que o segundo trimestre deste ano será melhor que o segundo trimestre do ano passado, mas que, de fato, está havendo uma retomada da economia brasileira muito mais rápida do que muitos analistas estavam projetando. Bernardo contou que conversou esta manhã com o presidente do BC, Henrique Meirelles, com o presidente Lula e com técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e todos acharam que o resultado do PIB nos primeiros três meses de 2009 ficou muito melhor do que a expectativa.
O ministro do Planejamento disse também que o governo continua confiante na previsão de crescimento de 1% do PIB em 2009. "Não temos nenhuma razão para supor que a nossa projeção é pior do que a do FMI (Fundo Monetário Internacional), ou as de mercado. O mercado errou feio nas suas projeções, por isso nós temos que confiar, sim, nas nossas projeções", afirmou.
Bernardo lembrou que o governo optou por reduzir tributos em um momento difícil, apostando que valeria a pena perder receita neste momento para ter uma arrecadação maior no futuro, fruto da atividade econômica e não do aumento de impostos. "Acho que o governo apostou certo. Está dando resultado, mas temos de continuar trabalhando, não podemos descuidar."
Copom
Sobre as avaliações do mercado de que um PIB menos negativo do que o projetado levará o Copom a reduzir o ritmo da queda dos juros básicos, Bernardo disse que há "muita especulação" no mercado. Segundo ele, durante todo o período do governo Lula, o BC não foi pressionado, ou, quando foi, não se deixou pressionar. "Então, acho que continuará assim. O BC não vai ser pressionado por um dado ou outro. O conjunto mostra o seguinte: estamos numa fase ruim da economia, saindo para uma fase melhor, com inflação controlada e, portando, acho que o BC tem condições de baixar os juros", avaliou.
Ele lembrou que o BC voltou a reduzir os juros este ano, dando uma sinalização clara para o mercado. "Inclusive, acho, que o BC vai continuar diminuindo os juros. A inflação está controlada, e adotamos medidas na área fiscal", disse o ministro.
O ministro disse, porém, que é muito ruim ficar fazendo projeções sobre o que o BC vai fazer. "O que o Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) vai fazer é baseado em dados. Por isso, acho que não se deixará pressionar."
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