O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou na noite desta quinta-feira a saída do diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua. Segundo ele, Bevilaqua pediu para deixar o cargo por motivos pessoais. O afastamento ocorre a menos de uma semana da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reavalia a Selic, a taxa básica de juros da economia. Contudo, Meirelles disse que, "a princício", o diretor participa da próxima reunião. O fato é que Bevilaqua era um dos diretores mais conservadores do Copom e a sua troca pode provocar reações no mercado financeiro (veja mais informações no link ao lado). O presidente do BC lembrou que a transição no BC é feita sempre obedecendo a um cronograma. "Não é em um dia que se muda um diretor do Banco Central", disse. Meirelles também destacou que a saída de Bevilaqua está dentro de um "processo normal". Segundo ele, ninguém vai para a diretoria do BC por um tempo indefinido e a idéia é de que as pessoas fiquem por um período e depois saiam. Ele lembrou que Bevilaqua é hoje o diretor que está há mais tempo no Banco Central. Meirelles negou que a substituição possa mudar a condução da política monetária pelo Copom. Segundo ele, o Copom é um órgão colegiado e não uma política de um ou outro diretor específico. "Já tivemos várias substituições no Banco Central. Este é um processo normal", disse. O presidente do BC foi questionado pelos jornalistas se, com a saída de Bevilaqua, ele (Meirelles) não perderia um "escudo" contra as críticas à política monetária. "Sempre estive com o fogo amigo", brincou. O presidente do BC disse considerar normal o debate sobre política monetária no Brasil. Para ele, isto decorre do fato de que o País ainda não está habituado com uma política monetária de sucesso por ter vivido, num passado recente, períodos de inflação alta. Ele destacou que a saída e Bevilaqua não tem relação com as pressões políticas geradas com a divulgação, na quarta, do PIB de 2006 em um nível abaixo do esperado pelo governo. "Não é possível vincular a saída de um diretor por razões subjetivas", afirmou. "Decisão normal" O presidente do Banco Central afirmou que informou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, a saída do diretor. Segundo ele, a reação de ambos "foi normal, a de quem entende uma decisão profissional de alguém que já cumpriu o seu período e precisa voltar à iniciativa privada". Ao ser questionado se esperava a saída de novos diretores, Meirelles respondeu: "Não tive hoje manifestação de outro diretor. Não estou esperando isso". O presidente do Banco Central também disse que não iria responder às avaliações do mercado de que Mesquita teria o mesmo perfil conservador de Bevilaqua. Meirelles ainda disse que em qualquer outro momento em que o anúncio da saída de Bevilaqua fosse feito, haveria especulações. Segundo ele, o Banco Central e os seus diretores não podem tomar decisões pautados sobre o que alguma pessoa vai dizer. Para Meirelles, as decisões precisam ser tomadas num momento adequado, seja do pontos de vista pessoal ou da instituição.