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BHP fecha com Baosteel reajuste igual ao da Rio Tinto

Por Hélio Barboza
Atualização:

A mineradora anglo-australiana BHP Billiton fechou um acordo com a siderúrgica chinesa Baosteel sobre o reajuste no preço do minério de ferro, com um aumento em linha com os já anunciados pela mineradora Rio Tinto. O acordo encerra uma das mais longas e difíceis rodadas de negociação anual em torno do principal insumo da siderurgia, a ponto de alguns observadores do mercado sugerirem que as discussões deste ano podem marcar o começo do fim do antigo sistema de preços de referência. A BHP anunciou ter fechado um acordo para o preço de US$ 1,4466 por tonelada do minério de ferro fino e US$ 2,0169 para o produto premium granulado. A Rio Tinto acertou com a Baosteel nos mesmos termos em no dia 23 do mês passado, com os preços representando um aumento de 79,88% em relação aos de 2007 para o minério fino e de 96,5% para o granulado. "Agora buscaremos fechar com o restante de nossos clientes sob os acordos de fornecimento de longo prazo na China e em outros países", disse o presidente de Comercialização da BHP Billiton, Tom Schutte. Sistema de preços Nos anos anteriores, o preço acordado entre uma das três maiores produtoras de minério de ferro - BHP, Rio Tinto e Vale - e uma grande siderúrgica servia de referência para as outras mineradoras e fabricantes de aço, que então acompanhavam o reajuste. O primeiro sinal de que este ano seria diferente veio em fevereiro, quando a Vale anunciou ter fixado o preço com as siderúrgicas asiáticas, mas sem que o reajuste fosse o mesmo para todos os produtos. A mineradora brasileira obteve um aumento de 65% para o preço do minério fino e de 71% para o minério de qualidade superior do complexo Carajás. Então, desviando-se ainda mais do padrão, as mineradoras australianas recusaram-se a aceitar os preços da Vale, com a Rio Tinto liderando a mudança, empurrada pela oferta de compra hostil que recebeu da rival BHP Billiton. A Rio Tinto produz mais minério do que a BHP e apostava em um grande reajuste para aumentar os lucros e fortalecer sua defesa contra a oferta de compra. Para conseguir um preço mais alto, a Rio Tinto levantou o argumento que a BHP havia utilizado sem sucesso em 2005 - o de que as mineradoras australianas deveriam receber um prêmio em relação ao minério da Vale, a fim de refletir o fato de que seus produtos pagam menos frete para chegar às siderúrgicas asiáticas. As siderúrgicas chinesas resistiram e acusaram a Rio Tinto de quebra de contratos, ameaçando boicotar seu minério no mercado à vista. Mas a demanda permanentemente aquecida e o aumento dos preços à vista fortaleceu a posição da Rio Tinto, que acabou obtendo preços mais elevados do que os da Vale. Segundo analistas, o preço da Rio Tinto refletiu um prêmio de frete de US$ 7,43 por tonelada em relação ao minério brasileiro e as mineradoras australianas podem conseguir reajustes ainda mais altos nas negociações futuras para refletir um diferencial de frete que atualmente gira em torno de US$ 50 por tonelada. Outras siderúrgicas Entre outras importantes siderúrgicas regionais, a japonesa Nippon Steel e a sul-coreana Posco, que já acertaram com a Rio Tinto, informaram hoje que ainda não fecharam o acordo com a BHP. As informações são da Dow Jones.

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