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BID quer aporte de US$ 180 bilhões

Processo de aumento de capital do banco para financiar países latino-americanos depende de aval dos EUA

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Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) encerrou seu 50.º encontro anual de governadores ontem com o compromisso de iniciar um processo de aumento do capital. O banco concede crédito aos países da América Latina e Caribe. A necessidade de agir rápido para conter a queda na oferta de crédito na região pressionou a decisão, mas há ainda dúvidas sobre se a proposta receberá o aval dos Estados Unidos, maior acionista do banco. O presidente do BID, Luis Carlos Moreno, sugeriu um aporte de US$ 150 bilhões a US$ 180 bilhões no capital do banco - atualmente de US$ 100 bilhões. Mas as análises sobre a capitalização do banco devem ser apresentadas até o fim de abril aos diretores executivos do Conselho de Governadores. A medida já vinha sendo defendida pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Em comunicado, o banco recomenda que as análises levem em conta "a revisão dos atuais limites de política financeira" e explorem "outras medidas para ajudar a expandir o fluxo de capital para os setores públicos e privados da região". O estudo também deve reavaliar as políticas do setor privado a fim de dar apoio ao desenvolvimento da região. O BID buscou ainda atender à demanda dos países mais pobres, que são atendidos pelo Fundo de Operações Especiais (FOE), prevendo que a instituição faça estudos sobre o replanejamento da linha, "incluindo uma análise robusta da natureza e escala das demandas de longo prazo". No entanto, apesar de abrangente, o desfecho do encontro não significa necessariamente uma solução mágica. Mesmo com a maior parte dos governadores demonstrando preocupação com os efeitos da crise no crédito e concordando com a necessidade de acelerar os processos para que os países tenham acesso aos recursos, qualquer resolução envolve 48 países e seus respectivos congressos. Normalmente, a aprovação de um aumento de capital leva anos. O presidente do BID disse nesta segunda-feira, entretanto, após a segunda sessão plenária de três realizadas desde ontem, que espera que o processo possa ser acelerado para um ano, lembrando que algumas das aprovações chegaram a levar sete anos. O Congresso dos Estados Unidos seria o que, potencialmente, apresentaria maior resistência a um aporte. Isso era, pelo menos, o temor entre alguns países. Entretanto, ontem, em meio a um forte esquema de segurança, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, defendeu a necessidade de recapitalizar os bancos regionais e o FMI para que "unidos" os países possam fazer frente à atual crise. O BID "deveria começar a trabalhar imediatamente para identificar com prudência maneiras amplas para aumentar a concessão de empréstimos em 2009 e 2010, revisando o modelo de adequação de capital e as políticas existentes relativas aos limites de empréstimos", disse ontem. "Parte desse esforço deve ser direcionado a atender os países mais pobres com instrumentos que possam responder à crise."

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