O Banco Mundial (Bird) está disposto a quase triplicar o volume de desembolsos destinados aos chamados países de renda média (como o Brasil) para minimizar os efeitos da crise financeira global. A informação foi dada nesta quarta-feira, 19, pelo economista-chefe da instituição, o chinês Justin Yifu Lin. De acordo com Lin, o compromisso imediato do Bird é ampliar o volume de empréstimos para cerca de US$ 35 bilhões. Como comparação, ele observou que em 2007 foram desembolsados recursos da ordem de US$ 13,5 bilhões. Ele assegurou que a política de contrapartidas será mantida. "De modo a minimizar os impactos dessa crise, o Banco Mundial dará passos concretos para ajudar os países em desenvolvimento", disse. A idéia é que o montante atinja a cifra dos US$ 100 bilhões nos próximos três anos. Ele observou ainda que a instituição poderá dispor de outras linhas de recursos, contando com o braço financeiro (IFC), destinadas à capitalização do sistema bancário e no financiamento de Parcerias Público Privadas (PPPs). Os recursos, segundo ele, não estão totalmente disponibilizados, mas acredita que a instituição conseguirá ampliar a oferta. Em palestra na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Lin avaliou que um dos principais impactos da conjuntura atual para os países em desenvolvimento será a redução das exportações para os países desenvolvidos e, em conseqüência, a queda nas cotações de algumas commodities principalmente metálicas e agrícolas. Também é esperada uma redução no nível dos Investimentos Estrangeiros Diretos. "Nós entendemos que a crise financeira já se tornou uma crise global. É uma crise que venceu as barreiras do mundo financeiro e partiu para o mundo real", disse ele. Por isso, o grande objetivo da instituição é não só ampliar a captação de recursos destinados a empréstimos, como também acelerar a aprovação de projetos, principalmente aqueles destinados à redução da pobreza e melhoria da distribuição de renda. O economista-chefe do Bird acredita que, apesar de a recessão já estar às portas das principais economias do mundo, principalmente nos Estados Unidos, países da Europa e Japão, a crise financeira exercerá no Brasil um impacto relativamente pequeno. No entanto, ele acredita que o país não vai conseguir escapar dos impactos indiretos da crise na economia real. "O Brasil é um país que hoje conta com um volume significativo de reservas. E em função disso eu acredito que o Brasil vai conseguir cruzar essa crise de forma relativamente satisfatória e manter ainda uma boa taxa de crescimento". Ao final da palestra, Justin Yifu Lin enfatizou que a crise atual é a mais séria desde a Grande Depressão e que deverá implicar na mudança do pensamento econômico, além de uma nova forma de intervenção dos governos na economia. Ele observou ainda que o mundo terá que tirar uma lição da crise atual e criticou a intenção dos países desenvolvidos, que insistem em manter as barreiras comerciais. "A política de barreiras ao comércio é míope, porque os países em desenvolvimento costumam ter mais dificuldade em se recuperar e estes (países desenvolvidos) não devem fazer nada que prejudique os países em desenvolvimento", afirmou.