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BIS destaca que Argentina não contamina América Latina

Por Agencia Estado
Atualização:

O Banco para Compensações Internacionais (BIS, sigla em inglês), avaliou, em seu relatório trimestral, que apesar das perspectivas para a economia argentina permanecerem incertas, os problemas do país não parecem ter contagiado a América Latina e nem causaram grandes turbulências no sistema financeiro mundial. O BIS atua como o banco central dos bancos centrais e salientou que as empresas e instituições financeiras com grandes posições na Argentina, principalmente os bancos estrangeiros, tiveram de reduzir o valor de parte de seus ativos naquele país. "Entretanto, a maioria dos credores do Argentina parece ter tido sucesso em reduzir as suas exposições a níveis aceitáveis nos meses que antecederam a moratória", disse o BIS. "Como resultado, eles foram capazes de absorver a moratória sem serem obrigados a vender repentinamente um grande número de outros títulos soberanos para cobrir as suas perdas relacionadas à Argentina." O BIS observou que essa cautela antecipada dos investidores em relação à Argentina contrastou com o caso da Enron, pois a extensão dos problemas do grupo norte-americano surpreenderam todo o mercado. Segundo o banco, a probabilidade de uma moratória na Argentina já havia sido reconhecida pelos mercados desde 10 de julho de 2001, quando o governo se viu obrigado a pagar juros altíssimos na emissão de bônus domésticos. O papel mais comercializado do país caiu 5,1% naquela ocasião. Riscos Num relatório separado, sobre a atuação global do sistema bancário, o BIS alertou que as estratégias dos bancos internacionais poderá ser alterada diante dos fatos ocorridos na Argentina. O tratamento diferenciado dado aos ativos e passivos bancários pelo governo argentino poderia levar os bancos a "reavaliarem os riscos de seus negócios em moeda estrangeira apoiados em fundos locais". Caso os bancos anexem uma maior taxa de risco a esses negócios, eles poderão insistir em nivelar a denominação da dívida aos fluxos de moeda local de seus clientes. "Essa reação poderia deixar o sistema bancário internacional mais robusto. ?O BIS indicou que a estratégia global dos bancos poderá favorecer as operações em moeda doméstica no futuro. Otimismo O BIS também avaliou que o início deste mês foi marcado por sinais de otimismo em relação à economia mundial, um análise que se estende inclusive ao Japão. O "surpreendente" crescimento do PIB norte-americano no último trimestre de 2001 sugere uma recuperação antes do previsto. No Japão, segundo o BIS, o fato de a empresa construtora Sato Kogyo ter quebrado sem interferência do governo, "foi encarado como um sinal de um saudável novo processo de reestruturação corporativa e isso ajudou a fortalecer o mercado acionário do país." O BIS informou que no último trimestre do ano passado as emissões internacionais de bônus e ações mostraram uma recuperação, embora a atividade para todo 2001 tenha ficado substancialmente abaixo dos níveis registrados em 2000. As grandes corporações continuaram a substituir as suas dívidas de curto prazo por papéis de maturidade mais longa, adquirindo assim uma situação financeira mais estável, mas com um custo mais elevado. Enron O banco observou que o evento que teve o maior impacto negativo nos mercados acionários no quarto trimestre de 2001 foi a crise do grupo norte-americano Enron. Segundo o BIS, apesar da crise argentina, governos e corporações das economias emergentes foram capazes de ter acesso aos mercados internacionais, "embora o volume dos fluxos tenha permanecido baixo por causa do desaquecimento da economia global. "Os mercados de derivativos reagiram positivamente aos grandes defaults corporativos e à crise argentina". O BIS afirmou que "esses eventos talvez tenham representado o maior teste até hoje para a capacidade desse jovem mercado de transferir com eficiência" a exposição ao risco de default entre os integrantes do mercado.

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