01 de julho de 2019 | 05h00
A referência de seus colegas é sobre os contratos futuros do Ibovespa. Mais provavelmente estavam falando sobre os minicontratos desse índice. O Ibovespa é o principal índice do mercado de ações no Brasil. Os contratos de índice são operados no mercado futuro. Nele, um comprador (ou vendedor) firma um compromisso de comprar (ou vender) determinado ativo (moeda, índices, commodities, etc.) por determinado preço em data futura. Por exemplo, um agente tem expectativa de que o preço futuro do café vai subir muito, então, compra hoje um contrato para uma data futura, mas com o preço determinado hoje. Dessa maneira, estará protegido caso o preço suba muito, porque já tem café comprado a determinado preço. Esse agente comprador ou vendedor pode também estar especulando sobre a subida ou queda de preços de ativos. Os minicontratos de índice seguem essa lógica e a diferença para os “contratos cheios” é o tamanho, o valor de investimento. A cotação do minicontrato é de R$ 0,20 por ponto do Ibovespa. Caso você comprasse um contrato cotado a 100 mil pontos, o valor seria de R$ 20 mil, e em sequência vendesse esse contrato cotado a 110 mil pontos, o valor da venda seria de R$ 22 mil, com ganho de R$ 2 mil. Se o Ibovespa tivesse caído poderia ter ocorrido prejuízo. Mas você não precisa do valor total para entrar nesse mercado, mas, sim, de uma fração do valor do contrato, uma margem, que funciona como garantia de que pode arcar com possíveis prejuízos. É importante que o investidor entenda que se trata de um derivativo e, portanto, tem alto grau de risco, porque você entra no jogo com um pequeno valor, mas pode realizar grandes prejuízos.
Em relação a mercados de risco como esse, sempre é difícil dizer sobre se há sustentação de preços. No ano passado o bitcoin sofreu grande queda de valor e a partir de dezembro começou um movimento de recuperação de preço – a criptomoedas estava em US$ 3.715,56 e em junho chegou a ser cotada a mais de US$ 12 mil (equivalente a R$ 48 mil); no fim do mês já estava perdendo força e chegou a US$ 11 mil. Embora a cotação tenha subido muito, ainda está distante do pico de 2017, quando estava na casa dos US$ 19 mil. Como em outros momentos, podemos estar vivendo um período mais especulativo, mas há motivos para essa alta de agora. O mercado de criptomoedas tem chamado muita atenção devido ao recente anúncio de lançamento pelo Facebook da criptomoeda libra, juntamente com Mastercard, Visa, Uber e outros parceiros. A base tecnológica é também o blockchain (sistema pelo qual são realizadas operações com criptomoedas). Ainda há incertezas sobre a libra, que deverá começar a ser vendida no primeiro semestre de 2020 e terá como lastro uma cesta de ativos, com governança por parte de uma associação independente. Deverá funcionar como uma rede de pagamentos mundial. Especialistas em bitcoin apontam outro motivo para o recente rali: a ocorrência do “halving” em 2020. Esse é o evento técnico pelo qual o bitcoin passa a cada quatro anos, quando a taxa de produção da moeda é reduzida pela metade. Historicamente o halving (metade) eleva o preço da moeda.
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