18 de novembro de 2020 | 13h58
Na semana passada, os usuários do Instagram se depararam com uma novidade: a interface da página inicial do aplicativo. Entre as alterações, destaca-se a inserção da aba “Loja” na barra inferior do aplicativo - antes, o ícone comercial, presente na plataforma desde 2018, ficava ‘escondido’ na aba Explorar. A mudança acontece pouco antes da Black Friday 2020, no dia 27 de novembro, que promete ser a mais digital da história.
A consultoria Ebit Nielsen, por exemplo, apontou projeção de alta de 27% nas vendas no e-commerce na comparação com 2019, levando em consideração o período entre a quinta anterior e a sexta-feira.
Para o Instagram, a Black Friday deste ano se consolidará como a data comercial mais importante no Brasil, “ficando à frente até mesmo do Natal”, diz comunicado enviado à imprensa.
De acordo com pesquisas conduzidas pelo Facebook, o celular se tornou o principal canal de pesquisa e de compras em 2020: 85% dos entrevistados afirmam que o mobile é a maneira mais fácil para descobrir novos produtos e serviços.
O resultado está relacionado diretamente aos efeitos da pandemia. Prova disso é o novo comportamento do consumidor: mais de 70% das pessoas mudaram os hábitos de compra e estão se preocupando mais com filas e multidões, enquanto 58% evitam mais aglomerações na temporada de compras de fim de ano, segundo o levantamento.
De acordo com o professor de Marketing da FGV-EAESP Benjamin Rosenthal, o processo de compra pelas redes sociais, chamado de social selling, é uma forma de esses canais se tornarem não só redes de conteúdo, mas também plataformas de vendas.
“O Facebook e o Instagram, por exemplo, já têm um tráfego natural de pessoas. O desafio é transformar esse tráfego em potenciais consumidores de produtos, porque hoje eles são consumidores de informação, não de produtos”, diz o professor, que crê que o modelo de social selling tem “um potencial gigantesco” de competir com os e-commerces tradicionais.
Segundo o Instagram, a aba Loja (ou ‘Shop’) visa fortalecer a conexão da plataforma com marcas e criadores, e oferece a possibilidade de o usuário descobrir produtos e apoiar pequenas empresas. As transações não são realizadas dentro da plataforma, mas sim em um ambiente externo, acessado por meio de um link que a marca informar.
Para Rosenthal, a iniciativa do Instagram é válida. “Imagine que o consumidor está navegando na rede e se depara com um produto de interesse. Se ele vir o ícone para comprar, achar um bom preço e ficar sensibilizado, por que não seguir adiante?”
Ele diz que o fato de o consumidor ter mais um canal de compra à disposição é bastante vantajoso. “Para o usuário, é interessante ter o máximo de canais possíveis, que sejam simples de resolver a vida dele”, afirma.
A escolha mais acertada de comprar em um ou em outro pode variar do produto, da oferta e até mesmo do tipo de consumidor. Para o professor, o e-commerce tradicional ainda leva vantagem em relação ao consumidor que está buscando há dias e comparando preços de um produto específico. “Mas há vários momentos de consumo. Um deles é quando você não precisa de um produto, mas você o vê na rede social e o desejo é despertado”, aponta.
Ele acredita que o maior desafio do social selling é criar o hábito de compra no consumidor via redes sociais, uma vez que o modelo do e-commerce tradicional já está bastante difundido e facilitado.
Porém, se esse hábito for criado, as redes sociais podem ter uma vantagem competitiva, já que elas funcionam como redes de conteúdo no dia a dia e passarão a atuar, também, como redes de compras.
Assim como no e-commerce tradicional, é aconselhável que o consumidor priorize por distribuidores reconhecidos. Caso contrário, Rosenthal recomenda que ele procure pela loja em sites de reputação e de avaliação, como o Reclame Aqui.
Em tempos de Black Friday, o cuidado deve ser redobrado, já que há quem aproveite a incidência de compras do período para aplicar golpes virtuais.
Na opinião do professor, a junção da plataforma com uma marca grande e reconhecida não gera perigo. “O grupo Facebook é muito grande, e acho que isso facilita a construção e a sensação de segurança para o consumidor. Ele parte do pressuposto de que essas redes têm cuidados muito grandes com o processo de pagamento, estoque e entrega”, diz.
O próprio Instagram compartilhou algumas dicas para comprar com segurança:
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