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Black Friday sai da internet e ganha as ruas

Fachadas de lojas são tomadas por decoração com anúncio de até 70% de descontos; alguns estabelecimentos antecipam promoção

Por Jéssica Alves e Nicholas Shores
Atualização:

Depois de desembarcar no Brasil por meio do comércio eletrônico, a Black Friday ganhou as ruas e, hoje, o evento já é uma das principais apostas do comércio físico para as vendas de fim de ano. Nesta quinta-feira, 23, faixas e cartazes pela cidade anunciavam descontos de até 70%. Alguns estabelecimentos decidiram antecipar as promoções. 

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Foi o caso do Hipermercado Extra, em São Paulo. Uma unidade da rede na zona sul da cidade deu início à Black Friday às 22h da quinta-feira, atraindo centenas de pessoas, que se estapearam por aparelhos de TV – os primeiros produtos da noite a entrarem na promoção.

O analista de segurança, Celso Brito, de 48 anos, conseguiu comprar uma delas. Ele havia passado no hipermercado depois do trabalho para comprar apenas um celular para o filho de 13 anos. “Fui atrás de um desconto no telefone, mas não encontrei o modelo que estava procurando e acabei levando uma TV de 40 polegadas”, contou. 

Brito já tem dois televisores em casa e planejava comprar mais um em breve. “Não estava nos planos, mas valeu a pena: paguei R$ 1.699, em vez de R$ 3.800”. Parecia satisfeito, apesar da previsão de espera de duas horas na fila do caixa.

No comércio tradicional, alguns nem sequer sabiam da megapromoção. O porteiro Pedro Bertino, de 45 anos, deixou nesta quinta-feira a loja da Magazine Luiza na Lapa, na zona norte da cidade, com uma TV de LED que dará de presente para os pais. Ele considerou razoável o preço do aparelho, comprado por R$ 1.044. Mas, apesar de inúmeras faixas a sua volta anunciarem a Black Friday, não sabia que, possivelmente, encontraria o mesmo produto nesta sexta-feira, 24, por um preço mais baixo. “Sei que (a Black Friday) é em novembro, mas não sabia o dia certo”, contou.

++Confira ao vivo a cobertura completa da Black Friday 2017

Consumidores disputam televisores em supermercado no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo. Foto: Alex Silva/Estadão

À procura de um equipamento de som, Eduardo Ferreira, de 24 anos, tampouco tinha ciência sobre a data. “Antes de vir para cá, passamos em outra rede e já notamos uma diferença de preços de R$ 400. Mas, agora que você me avisou (sobre a promoção), vou voltar para ver se encontro um desconto maior”, disse.

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Segundo a economista da Fecomércio-SP, Julia Ximenes, existe um movimento cada vez mais forte das lojas para ingressar no frisson que ocorre nos sites e nas redes sociais, mas o que se observa nos dados de vendas é que o efeito da megapromoção ainda é pequeno nas ruas. Pesquisa do site Blackfriday.com.br, que trouxe a ação dos EUA para o varejo virtual no Brasil, aponta que, neste ano, apesar do trabalho do varejo tradicional, 90% das compras devem ser realizadas na internet.

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Mesmo assim, a onda chegou à Rua 25 de Março, região de comércio popular no Centro de São Paulo, onde os descontos e preços baixos já são tradição. “Se a gente não participar, fica atrasado”, afirma o gerente da Perfumaria 2000, Ricardo Gonçalves. A VestCasa, loja de roupas de cama, chegou a erguer em sua fachada um portal preto anunciando descontos de até 70%. A aposentada Meire da Conceição, 52, foi atraída pelo anúncio, mas ficou desapontada. “Venho aqui toda quinta-feira. O preço está igual.”

Pedro Bertino comprou uma TV de LED na véspera da Black Friday sem saber que, possivelmente, encontraria o mesmo produto nesta sexta-feira, 24, por um preço mais baixo. Foto: Werther Santana/Estadão

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Desempenho. A Fecomércio-SP estima para novembro um crescimento de 15% a 16% nas vendas do online, enquanto no varejo físico prevê um crescimento de 8%, desempenho considerado normal para o mês.

“O varejo físico faz uso da campanha mas não consegue efetivar as vendas porque não existe incremento de renda na mão do consumidor. Em muitos casos, o 13.º salário só chega a partir do dia 30 de novembro, então as compras ficam para o Natal”, diz Julia Ximenes. Além da falta do 13.º, a gama de ofertas de preços e produtos encontrada na internet acaba gerando uma concorrência desleal para as lojas físicas, explica a economista.

Gigantes. Nas grandes varejistas, contudo, a Black Friday já tem impacto importante nas vendas. Para Jorge Pretz, diretor de marketing do Extra, a data já representa o resultado de 10 sextas-feiras comuns.

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O fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, diz que, quando a campanha começou, há cinco anos, ela era mais forte no online, mas isso se inverteu e os dados mais recentes da loja mostram que 60% das vendas foram realizadas na loja física.

::DICAS::

Saiba os preços antes. Não dá pra saber se a promoção compensa se você não souber quanto custava o produto

Compare. Pesquise preços e condições em diferentes lojas. Sites de busca podem ajudar na comparação

Pague à vista. Não assuma dívidas para aproveitar os descontos. Juros altos anulam as vantagens da oferta

Faça uma lista. Defina antes o que quer adquirir para evitar compras por impulso

Cuidado com fraudes. Compre de sites que trazem o cadeado no canto esquerdo superior da tela, endereço físico, telefone e SAC

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Atenção com a entrega. Verifique data de entrega e condições de troca e devolução. É possível cancelar a compra no prazo de até 7 dias

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