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BMG fecha compra do Banco Schahin em acordo de R$ 250 milhões

Por exigência dos compradores, valor final do negócio ainda depende de uma análise mais profunda dos números do Schahin, que vinha enfrentando dificuldades no mercado e operava fora dos parâmetros exigidos pelo Banco Central

Por Leandro Mode
Atualização:

O banco BMG anuncia entre hoje e amanhã a compra do Schahin. O "Estado" apurou que o negócio foi fechado por R$ 250 milhões, ainda sujeitos à realização de uma análise mais profunda da contabilidade (chamada tecnicamente de due diligence) do Schahin nos próximos meses. Na prática, significa que o valor final pode ser menor, dependendo do que os especialistas encontrarem no banco comprado. A condição foi imposta pelo BMG e ajuda a explicar a demora para a concretização da venda. As conversas entre as duas instituições foram reveladas há duas semanas. A expectativa inicial era de que a venda fosse anunciada oficialmente no início da semana passada. No entanto, dúvidas dos compradores sobre a real situação do Schahin atrasaram o processo. A solução foi incluir a cláusula que prevê uma redução do preço em caso de problemas. Cópias do contrato foram enviadas ontem para Belo Horizonte, onde fica a sede do BMG. Os vendedores devem assinar a documentação hoje e o anúncio oficial deve sair até amanhã. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) intermediou a negociação entre os dois bancos. A instituição foi criada em 1995, com o objetivo de cobrir prejuízos provocados a correntistas em decorrência da quebra de algum banco. A participação do FGC se deu porque o Schahin vinha encontrando dificuldades no mercado. O balanço do último trimestre mostra que a instituição estava fora dos parâmetros exigidos pelo Banco Central (BC). O chamado Índice de Basileia, que mede a capacidade de um banco expandir operações, estava em 10,97%. O BC determina no mínimo 11%. Ou seja, o Schahin havia perdido a capacidade de emprestar. Por isso, procurou o FGC, que, por sua vez, buscou no mercado um interessado. Segundo se apurou, o FGC não financiará a compra pelo BMG. Em compensação, colocou à disposição do banco comprador linhas de crédito. Segundo uma fonte, é provável que o banco mineiro recorra a essas linhas, pois também não tem grande folga no Índice de Basileia - 14,49% em dezembro. Também por isso, existe a hipótese de que a compra do Schahin seja feita pela holding que controla o BMG. Com isso, a capacidade de o banco operar não seria afetada. Pelos dados do BC, o BMG é o 22.º maior banco brasileiro, com ativos de R$ 11,5 bilhões. A instituição é a segunda maior no segmento de crédito consignado, atrás apenas do Banco do Brasil. Sua carteira total de empréstimos - considerando os que repassou a terceiros e os que mantém sob o próprio guarda-chuva - chega a R$ 24 bilhões. Portanto, lembra um especialista, é um banco maior do que parece quando se olham só os ativos. O Schahin pertence a um grupo que atua em várias áreas, como indústria e petróleo. Em dezembro, possuía ativos de R$ 2,8 bilhões e patrimônio líquido de R$ 230 milhões. Ou seja, o negócio foi fechado quase pelo valor do patrimônio, relação baixa se comparada a vendas recentes no setor. O banco Carrefour, por exemplo, teve uma fatia vendida ao Itaú por preço 2,6 vezes superior ao patrimônio. TamanhoR$ 11,5 bié o valor dos ativos do BMG, o que o coloca na 22ª posição no ranking dos bancos brasileirosR$ 2,8 biera o valor dos ativos do Banco Schahin em dezembro

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