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BNDES: crise é 'bênção' para aportes em infra-estrutura

Por Jacqueline Farid
Atualização:

O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou hoje, durante palestra em evento realizado pela Câmara Britânica, que alguns investimentos em infra-estrutura e em setores industriais poderão vir a ser beneficiados com a crise, por causa da redução de custos de algumas matérias-primas (commodities). "Nesse ponto a recessão é uma bênção", afirmou, argumentando que o atual momento "vai derrubar o preço de alguns insumos fundamentais". Segundo ele, no primeiro semestre deste ano alguns investimentos em infra-estrutura e industriais tiveram uma "pressão de custos violenta por causa de preços explosivos do aço e outras matérias-primas". Agora, com a recessão nos países desenvolvidos, que deverá reduzir os preços, "há uma demanda reprimida (de investimentos) com menor custo e isso vai solidificar a percepção da robustez de nossos projetos em infra-estrutura, assim que a poeira baixar". Segundo ele, "o BNDES tem disposição de sustentar e acelerar todos os investimentos de infra-estrutura". Ele disse ter tido informação, ontem, de "dois grandes investimentos em siderurgia", cujos nomes das empresas não podia revelar aos participantes do evento. "Ninguém vai investir olhando o preço do aço no curto prazo, temos muitos investimentos cujo perfil não é necessariamente olhar o mundo nos próximos dois anos, mas nos próximos quatro, cinco anos", afirmou. Investimentos Coutinho disse também que não está preocupado com o Orçamento do banco e a capacidade de dar suporte às empresas e investimentos neste momento de crise. Ele disse que tem conversado com instituições, como o Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e instituições de crédito na Alemanha e Japão e "espero que no ano que vem tenhamos um aporte de captações externas muito bom". Ele apresentou, na palestra, dados que mostram a perspectiva de expansão de investimentos no País no período de 2008 a 2011. Ele admitiu que essas projeções "poderão sofrer um pouquinho" com a crise mas disse acreditar que "a pujança é tão forte que deverá assegurar o crescimento da economia". Os números apontam, de 2008 a 2011, em relação ao período de 2004 a 2007, um aumento de 18% ao ano nos investimentos dos setores de indústria e serviços; de 13,2% ao ano em infra-estrutura e de 10,6% ao ano em construção residencial. Construção civil O presidente do BNDES afirmou ainda que o programa de ajuda ao setor de construção civil, que está sendo aguardado pelas empresas do setor, "ainda está em processo final de desenho no Ministério da Fazenda". Segundo ele, no que diz respeito ao banco de fomento, o foco deverá estar voltado para a reestruturação das empresas do mercado imobiliário. "Da nossa parte, podemos ajudar na reestruturação de empresas em consonância com o setor privado", afirmou. Indagado se haverá uma linha de crédito específica do BDNES para o setor de construção civil, ele disse que ainda não é possível adiantar se haverá essa definição. Rio Madeira Coutinho disse acreditar que o leilão de linhas de transmissão do Rio Madeira, em Rondônia, marcado para o próximo dia 26 de novembro, terá "firme concorrência". "Afirmo isso com tranqüilidade, já que o BNDES é o principal financiador e somos consultados. Haverá concorrência".

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