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BNDES dá novo crédito de R$ 2,5 bi a Jirau

Financiamento do banco para a construção da usina hidrelétrica chega a R$ 9,5 bilhões

Por Vinicius Neder , Irany Tereza e RIO
Atualização:

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um aditivo de R$ 2,3 bilhões ao financiamento para a usina hidrelétrica de Jirau, em construção no Rio Madeira, em Rondônia. A operação foi aprovada nesta semana e confirmada à 'Agência Estado'. Com o valor adicional, o empréstimo total para o empreendimento soma R$ 9,5 bilhões, um dos maiores já concedidos pelo banco. Paralelamente, a construtora Camargo Corrêa fez a opção pela saída -já decidida anteriormente - da sociedade de propósito específico (SPE) Energia Sustentável do Brasil (ESBR), consórcio responsável pela hidrelétrica, que deverá começar a operar, com atraso, em meados do próximo ano.Além do atraso, fonte ouvida pela Agência Estado informou que a rentabilidade do projeto também caiu em torno de 25% em relação à estimativa original. A Camargo Corrêa ainda detém 9,9% da ESBR. Embora tenha sido divulgada, há dois anos, a negociação para a venda de uma parcela dessa participação (5%) à Fundação dos Funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef), acabou não sendo fechada.Agora, a construtora estaria vendendo toda sua participação para a multinacional GDF Suez, que controla a SPE, com fatia de 50,1% no empreendimento. Levando em consideração a avaliação anunciada em maio de 2010, com correção pelo IPCA, a participação da Camargo valeria hoje pouco mais de R$ 500 milhões, mas não há informação oficial sobre os valores negociados.Os outros sócios de Jirau são Chesf (20%) e Eletrosul (20%), subsidiárias da Eletrobrás, segundo o site da ESBR. Procuradas, Camargo Corrêa e GDF Suez não comentaram o assunto. Tampouco a Funcef informou os motivos de não ter efetivado a entrada no consórcio. O fundo apenas confirmou que o negócio não foi concretizado. A saída da construtora estava definida desde a formação do consórcio, em 2008. O presidente da ESBR, Victor Paranhos, afirmou, em julho de 2009, que a decisão teria como objetivo evitar possíveis conflitos de interesse na posição de acionista e contratada para as obras civis do empreendimento. A Camargo Corrêa seguirá como construtora contratada, independentemente da venda da participação.Em geral, o BNDES tem de dar anuência no caso de mudanças na composição societária dos clientes dos financiamentos, mas a saída da Camargo Corrêa não atrapalharia a liberação do crédito adicional. Mudanças na sociedade também precisam do aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).Financiamento. O empréstimo inicial do BNDES ao consórcio de Jirau, de R$ 7,2 bilhões, foi aprovado em fevereiro de 2009. Do total, R$ 3,635 bilhões foram contratados diretamente e R$ 3,585 bilhões, via bancos repassadores. Os recursos adicionais dariam conta do aumento no investimento em Jirau, que saltou para R$ 15,4 bilhões; o previsto inicialmente era de R$ 10 bilhões. Parte da elevação do investimento se deve ao incremento de 450 megawatts (MW) na capacidade da usina.Apesar do crescimento do projeto, a rentabilidade do investimento em Jirau caiu, segundo fonte ouvida pelo Estado. A taxa de retorno, inicialmente de 8%, poderá ficar entre 6% e 5,5%. O problema estaria em erros de cálculos do consórcio sobre prazos e custos, combinados a um preço muito baixo pago no leilão.A ESBR venceu o certame, em maio de 2008, com o preço de R$ 71,40, deságio de 21,5% em relação ao valor inicial. A vitória do consórcio foi cercada de polêmica, pois baseou-se em mudanças no projeto inicial, que permitiram economizar no investimento. Além disso, o consórcio pretendia aumentar a rentabilidade com a antecipação da operação. Mas o plano não deu certo e a conclusão da obra deve atrasar.

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