
05 de novembro de 2019 | 16h02
RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devolverá antecipadamente mais uma parcela de R$ 30 bilhões de sua dívida com a União, fechando 2019 com R$ 123 bilhões em antecipações, como pediu no início do ano o ministro da Economia, Paulo Guedes.
O pagamento de mais essa parcela foi aprovado em reunião do Conselho de Administração na noite de segunda-feira, 4. Em nota, o BNDES informou que a expectativa é fazer o pagamento ainda em novembro.
BNDES muda política de dividendos para antecipar mais R$ 4,6 bi para a União ainda este ano
Inicialmente, um cronograma firmado em outubro do ano passado previa a devolução antecipada de R$ 26 bilhões este ano. Em março, Guedes revelou ao Estado que pediria mais R$ 100 bilhões de volta, em caráter extraordinário. No fim das contas, como as antecipações foram maiores do que o inicialmente previsto, o BNDES economizou no pagamento de juros. Com isso, os R$ 26 bilhões programados ficaram em torno de R$ 23 bilhões.
“O serviço contratual antes das liquidações antecipadas era estimado em R$ 26 bilhões. Com a amortização antecipada, tanto o serviço de amortização quanto de juros foram reduzidos em cerca de R$ 3 bilhões”, diz a nota divulgada pelo BNDES.
A dívida do BNDES com a União ganhou corpo de 2008 a 2014, período em que o banco recebeu R$ 416 bilhões em empréstimos do Tesouro. Inicialmente, os aportes foram parte da ação “contracíclica” do governo Luiz Inácio Lula da Silva para enfrentar a crise de 2008, mas acabaram como estratégia do governo Dilma Rousseff para tentar turbinar o crescimento econômico.
A estratégia de voltar atrás nos aportes, com as devoluções antecipadas, começou em 2015, no segundo governo Dilma, mas foram aceleradas a partir do governo de Michel Temer. Já no primeiro ano da gestão Temer, em 2016, o BNDES devolveu R$ 100 bilhões. De 2015 a 2018, foram R$ 309 bilhões, até que, em outubro, foi firmada a reestruturação global.
O cronograma firmado nessa reestruturação antecipou o prazo total da dívida de 2060 para 2040, com devoluções parceladas ano a ano, mas, desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, Guedes vinha sinalizando que queria acelerar ainda mais os pagamentos.
Em abril, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse que o governo pediu ao BNDES a devolução integral da dívida com a União até 2022, em parcelas. No balanço encerrado em junho, a dívida do banco com o Tesouro estava em R$ 272,9 bilhões.
Segundo o presidente do Conselho de Administração do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas, o banco devolverá “o máximo possível” em 2020. “Vai depender dos desembolsos, que não devem ser muito maiores do que este ano”, afirmou o executivo, que foi diretor financeiro do BNDES em 2017 e 2018.
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