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BNDES devolverá mais uma parcela de cerca de R$ 40 bilhões da dívida com o Tesouro

Até meados de julho, o banco de fomento já havia repassado à União cerca de R$ 44 bilhões

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou na sexta-feira, 2, a devolução antecipada de mais uma parcela extraordinária, de R$ 40 bilhões, da dívida com a União. O montante faz parte dos R$ 126 bilhões pedidos pelo Ministério da Economia para serem devolvidos este ano, incluindo R$ 26 bilhões já previstos e mais R$ 100 bilhões extraordinários. 

Ao confirmar a aprovação da devolução, no fim da tarde de sexta-feira, o banco não informou quando será feito o pagamento ao Tesouro. Mais cedo, ao ser questionada sobre quando o pagamento da nova parcela poderia ser feito, uma fonte disse ao Estado, sob condição do anonimato, que a “devolução é rápida”. Na devolução de uma parcela extraordinária de R$ 30 bilhões, feita em maio, o pagamento foi aprovado no início de mês e efetivado no dia 31.

BNDES Foto: Fábio Motta/Estadão

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 Até meados de julho, o BNDES já havia devolvido em torno de R$ 44 bilhões ao Tesouro Nacional, incluindo uma parcela extraordinária de R$ 30 bilhões, em maio. Com a devolução de mais R$ 40 bilhões, o total devolvido este ano chega a R$ 84 bilhões. Sem considerar essa parcela mais recente, a dívida do BNDES com a União fechou o segundo trimestre em R$ 239 bilhões, incluindo juros, conforme relatório trimestral enviado ao Congresso Nacional.

Em nota, o BNDES informou que a liquidação da parcela de R$ 40 bilhões foi aprovada na sexta-feira pelo Conselho de Administração do banco de fomento, após passar pela diretoria, na última quarta-feira.

Com a nova parcela de cerca de R$ 40 bilhões, pouco mais de duas semanas após sua posse, o novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, começa a cumprir uma das metas de sua gestão para o segundo semestre, que é completar a devolução dos R$ 126 bilhões pedidos.

As devoluções antecipadas do BNDES para o Tesouro fazem parte da estratégia de “despedalar” o banco, já mencionada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. A demora em devolver recursos gerou atritos entre Guedes e o ex-presidente do BNDES Joaquim Levy, que pediu demissão em meados de junho, após ser criticado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro.

A dívida do BNDES com a União ganhou corpo de 2008 a 2014, período durante o qual o banco recebeu R$ 416 bilhões em empréstimos do Tesouro. Inicialmente, os aportes foram parte da ação “contracíclica” do governo Luiz Inácio Lula da Silva para enfrentar a crise internacional de 2008, mas acabaram como estratégia do governo Dilma Rousseff para tentar turbinar o crescimento econômico.

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A estratégia de voltar atrás nos aportes, com as devoluções antecipadas, começou em 2015, no segundo governo Dilma, mas foram aceleradas a partir do governo Michel Temer. Já no primeiro ano, em 2016, o BNDES devolveu R$ 100 bilhões. De 2015 a 2018, foram R$ 309 bilhões, até que, em outubro do ano passado, foi acordada uma reestruturação global, que estabeleceu um cronograma anual de devoluções, que Guedes quer acelerar. Com as parcelas deste ano, o total devolvido desde 2015 chega a cerca de R $ 380 bilhões, segundo o BNDES.

O banco informou ainda que, na reunião de sexta-feira do Conselho de Administração, foram aprovados os nomes de quatro diretores indicados por Montezano: Saulo Puttini, Petrônio Cançado, Leonardo Cabral e Fábio Abrahão, responsáveis, respectivamente, pelas diretorias de Assuntos Jurídicos, Crédito e Garantia, Privatizações e Infraestrutura.