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BNDES diz que segue na mesa de negociações com Latam, apesar de recuperação judicial nos EUA

Antes mesmo de entrar com o pedido, companhia aérea já tinha dificuldades para conseguir acessar o socorro proposto pelo órgão e também pelos principais bancos do País

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast) e Vinicius Neder
Atualização:

SÃO PAULO e RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou, no fim da tarde desta terça-feira, 26, que segue negociando o apoio à Latam mesmo após a companhia entrar com pedido de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos.

Segundo o banco de fomento, as conversas ocorrem nos “moldes já propostos” pelo sindicato de instituições financeiras, que trabalha em linhas emergenciais de financiamento para os setores mais atingidos pela crise provocada pela pandemia de coronavírus. "O BNDES continua a negociar um apoio à Latam, a partir dos moldes já propostos às três grandes companhias aéreas", informou o órgão, em nota.

O BNDES ainda está estudando o pedido de recuperação e seus efeitos sobre a operação brasileira da Latam. Foto: Fábio Motta/Estadão

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Ao longo do dia, uma reunião entre representantes da empresa aérea e dos bancos teria ocorrido para que mais explicações fossem dadas a respeito do movimento, conforme apurou o Estadão/Broadcast. O Bradesco coordena a ajuda ao segmento ao lado do BNDES - cada banco privado ficou com um setor para apoiar o banco de fomento na organização do plano.

O pedido de recuperação judicial da Latam nos Estados Unidos, porém, não teria sido uma surpresa para os bancos, segundo uma fonte. "Sabíamos da maior fragilidade do grupo Latam", admitiu um dos executivos próximos às negociações, que preferiu não ter seu nome revelado.

Segundo fontes que acompanham as negociações e falaram sob condição do anonimato, os bancos estão mais reticentes após o movimento e devem alterar as condições exigidas, apesar de a operação brasileira da Latam estar fora do pedido de recuperação judicial, feito apenas nos Estados Unidos até agora. O valor destinado à empresa deve ser reduzido, a partir do aumento da percepção do risco.

"Continuamos a conversar com a Latam, não saímos da mesa. Existe a questão da apresentação de garantias e de valor mobiliário líquido. Talvez eles tenham que trazer fatos novos para tornar mais claro para o mercado", diz uma fonte.

Exigências

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Os “moldes já propostos”, conforme enfatizou o BNDES, incluem exigências que já dificultavam o acesso da Latam ao apoio emergencial, como a necessidade de as companhias apoiadas terem ações negociadas em Bolsa no Brasil, revelou o Estadão/Broadcast há duas semanas.

Eles também partem do pressuposto que os recursos serão levantados em ofertas públicas de títulos de dívida (parte deles em bônus conversíveis em ações), que só seriam concretizadas com uma participação mínima de investidores de mercado - o BNDES ficaria com 60% das ofertas, bancos privados com 10% e, os 30% restantes, com investidores.

Segundo uma fonte que acompanha as negociações e pediu para não ter o nome revelado, o BNDES ainda está estudando o pedido de recuperação e seus efeitos sobre a operação brasileira da Latam. A posição, ao menos até aqui, é que as operações dependem da participação de investidores de mercado para saírem do papel.

 "A Latam, além de apresentar considerações ao BNDES, terá o desafio de tentar mitigar seu risco diante do BNDES/bancos e mercado", afirma o vice-presidente de um grande banco. "O nome deles fica muito maculado", afirma.

Ele pondera, contudo, que é preciso separar a situação da Latam de Gol e Azul. "Essas empresas têm de apresentar suas considerações ao BNDES e, a depender da aceitação ou proposições delas, terão boas chances de concretização", diz. 

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Em nota, a empresa afirma que todas as passagens já compradas e futuros bilhetes vão ser honrados. A Latam diz que vai continuar a oferecer voos para transporte de passageiros e cargas de acordo com a demanda e restrições de viagem. Segundo a Anac, a recuperação judicial solicitada nos EUA não irá afetar as operações da empresa no Brasil. 

É seguro comprar passagens da empresa a partir de agora?

De acordo com Fernando Capez, secretário de defesa do consumidor do Procon-SP, “é seguro comprar por enquanto porque a situação da empresa aqui não é de recuperação judicial e é independente do pedido feito fora do País.” Para ele, não há motivo para alarde por parte dos consumidores, apenas atenção.

Tenho milhas acumuladas. Vou perdê-las?

Segundo a Latam, não haverá nenhuma alteração quanto ao programa de milhagens, vouchers e benefícios da companhia. 

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