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BNDES financiará empresa brasileira no exterior

Por Agencia Estado
Atualização:

O BNDES será autorizado nos próximos dias a abrir uma linha de financiamento especial para empresas brasileiras com projetos de investimento no exterior. O objetivo será promover a internacionalização das companhias nacionais, com vistas à elevação das exportações e assegurar o acesso de empresas brasileiras instaladas na Argentina a uma linha de crédito do País. A linha terá o objetivo de atender a três tipos de necessidade de financiamento. O primeiro, de exportações de bens de consumo e de capital e de serviços por empresas de capital nacional - categoria que deverá incluir também a criação de empresas em parceria, desde que a participação brasileira seja de 50%. Nesse caso, haverá a exigência de 60% de conteúdo nacional para os produtos embarcados. O segundo tipo de apoio será o financiamento ao investimento fixo local, ou seja, à instalação física da empresa em outro país ou à compra ou modernização de uma companhia local. O terceiro será o financiamento do capital de giro, limitado a 30% do investimento da empresa no exterior. Os prazos e as condições de financiamento deverão ser negociados caso a caso entre a empresa e BNDES. Em princípio, os juros aplicados sobre os recursos obtidos seguirão o custo de captação externa do banco mais uma diferença. A nova linha de financiamento do BNDES tem a função de contornar as barreiras tarifárias e não-tarifárias em mercados que oferecem boas oportunidades ao setor exportador brasileiro. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, a nova linha do BNDES começará a operar dentro de, no máximo, um mês. Segundo ele, os produtores brasileiros de carnes não conseguirão embarcar os produtos em quantidades crescentes para a Rússia se não montarem empresas nesse país ou se não se associarem a companhias locais. A mesma lógica se repete na China, que exige o investimento brasileiro para confirmar a opção de compra de aviões ou de café solúvel, ou na Índia. "Essa linha trará uma mudança estratégica nos planos de expansão das exportações", afirmou o ministro. "A presença de empresas brasileiras no exterior tornou-se fundamental para o aumento das vendas." De acordo com fontes do BNDES, várias empresas brasileiras já entraram em contato com o banco e manifestaram interesse de obter o financiamento a projetos de internacionalização. Entre elas estão a Marcopolo, o Boticário, a Sadia, a Weg e a Portobello. A autorização para o BNDES financiar os investimentos de empresas brasileiras no exterior conta com um componente estratégico para o País. A nova linha é o resultado de uma reivindicação dos empresários do Grupo Brasil, entidade que agrega as 190 companhias brasileiras que investiram US$ 8 bilhões entre 1994 e 2000 na Argentina, conforme esclarece o anexo do projeto. Desde o final do ano passado, boa parte dessas companhias vem operando com prejuízos no país vizinho, em razão dos quatro anos de recessão, das mudanças da política econômica, da ruína do setor financeiro local e da instabilidade política. No Palácio do Planalto e no Itamaraty, a medida vinha sendo tratada como uma das principais iniciativas de ajuda do Brasil à retomada da atividade econômica no principal sócio do Mercosul. Ao garantir crédito para os projetos de produção na Argentina, o País estaria reforçando laços econômicos com seu sócio. Ao mesmo tempo, tenderia a conquistar maior coesão do país vizinho com relação à preservação da integração regional. Amaral reduziu a importância desse componente e declarou que os estudos sobre a nova linha começaram depois de sua visita à China, no começo de abril. "A nova linha não foi elaborada com vistas ao mercado argentino exclusivamente. Não está centrada na Argentina", afirmou.

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